Negociação entre a indústria e os citricultores enfrenta novo impasse

02/05/2006
Discussões sobre a representatividade emperram a análise de propostas São Paulo - As negociações entre citricultores e indústrias sobre o preço da laranja e a criação de um novo contrato de fornecimento esbarraram ontem em um novo impasse. Em reunião realizada na capital paulista, a Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) e a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), questionaram a representatividade de cada uma ante os produtores. Como resultado, nenhuma das alternativas já apresentadas pelas entidades foram discutidas pela indústria, que tampouco ofereceu uma contraproposta. Um novo encontro foi agendado para 8 de maio, em Bebedouro (SP), onde as partes tentarão chegar a um acordo. Propostas emergenciais A Associtrus propôs substituir a remuneração fixada em cerca de US$ 3/caixa entregue na fábrica, por um piso de R$ 15 reais/caixa. Segundo a entidade, o valor cobre os custos de produção e dá uma margem de lucro satisfatória aos produtores. Já a Faesp sugeriu que as indústrias remunerassem os contratos considerando câmbio a R$ 2,80, mais adicional de R$ 2/caixa para colheita e transporte. As duas propostas estão sendo arbitradas pela Secretaria de Direito Econômico (SDE). Os produtores também esperam definir, antes do início da colheita (em junho), um novo modelo de contrato. "Durante a colheita, nosso poder de negociação será praticamente nulo", afirma Flávio Viegas, presidente da Associtrus. Outro objetivo é criar um conselho para definir preços, aos moldes do que já existe hoje na indústria canavieira, e garantir preços mínimos aos produtores. Com a rentabilidade comprometida, muitos citricultores já sairam da atividade. Em 1980, havia em São Paulo mais de 30 mil produtores. Hoje há apenas 10 mil. A maior parte migrou para a cana-de-açúcar, que já cobre 3,5 milhões de hectares, ou mais da metade da área do estado. (Crédito: Daniel Medeiros - DCI)