Indústria promete rever contrato com citricultor

20/04/2006
Representantes de citricultores e indústrias de suco de laranja avançaram ontem (dia 19), em reunião realizada em Brasília, na busca por um acordo para encerrar uma longa disputa em torno dos valores e condições dos contratos de fornecimento da fruta. Ainda que não tenha sido conclusivo, o encontro, no gabinete do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), foi considerado positivo pelas partes por ter reunido todas as grandes indústrias exportadoras - Cutrale, Citrosuco, Coinbra e Citrovita - e ter sido marcada por respeito mútuo. "Foram discutidas duas situações: um reajuste emergencial para a fruta entregue pelos produtores nesta safra e o bom relacionamento da cadeia no futuro", disse Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus). Para esta safra 2006/07, a Associtrus propôs um pagamento mínimo de R$ 15 por caixa de 40,8 quilos de laranja, enquanto a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) sugeriu uma cotação mínima do dólar de R$ 2,80 para os contratos em vigor (que giram em torno de US$ 3 a US$ 3,50 por caixa), com um adicional de R$ 2 por caixa para custos com colheita e frete. A revisão "emergencial" foi pedida pelos citricultores por conta da queda do dólar e da alta de preços do suco no exterior com os problemas de oferta na Flórida. Segundo Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores (Abecitrus) - entidade que hoje só tem a Cutrale como sócia -, a revisão é justa e voltará a ser discutida na terça-feira. "É possível melhorar as condições dos preços para esta safra", confirmou José Luiz Cervato, gerente administrativo da Cutrale. Segundo Mercadante, é preciso resolver as rusgas na cadeia para tranqüilizar 320 municípios que dependem da cultura (a grande maioria paulistas). Pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Também participaram do encontro representantes do Itamaraty e dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, além da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça - onde corre uma investigação de formação cartel entre as indústrias aberta a pedido dos citricultores. (Crédito: Fernando Lopes e Mauro Zanatta - Valor Econômico)