Políticos propõem pacto para preços

20/04/2006
O impasse entre indústria de suco e citricultores no estado de São Paulo adquiriu conotação política. Depois das inúmeras tentativas de acordo para fixar preços da laranja, sem nenhum resultado, a classe política resolveu tomar para si a bandeira. Numa reunião, ontem, no gabinete do senador Aloízio Mercadante (PT-SP), citricultores, representantes das quatro principais indústrias de sucos, parlamentares de outros três partidos e do governo decidiram firmar um pacto de paz e definir um cronograma para estabelecer uma nova fórmula para a remuneração da próxima safra. A negociação será retomada terça-feira na sede da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), quando serão colocadas na mesa as propostas dos produtores agrícolas. A Faesp propõe uma taxa fixa de câmbio de R$ 2,80. Já a Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus) defende parâmetros mais amplos. Quer um cálculo que considere a qualidade da laranja, a taxa de câmbio e a rentabilidade alcançada com as exportações do suco. Flávio Viegas, presidente da Associtrus, reconhece que não há tempo para um contrato mais amplo. Para ele, seria conveniente um acordo emergencial que fixasse um valor capaz de remunerar os custos de manutenção dos pomares de laranja. Eleição Cerca de 30 pessoas se aglomeram ontem no gabinete de Mercadante, em Brasília, com a intenção de interferir nos entendimentos entre indústria e plantadores de laranja. Pela primeira vez, compareceram dirigentes das principais indústrias: Cutrale, Citrossuco, Citrovita e Coinbra. A presença maciça dessas empresas foi interpretada por Viegas como a demonstração de que o impasse está assumindo nova dimensão, que pode respingar na imagem da indústria, cujo faturamento depende especialmente das exportações. A participação da citricultura brasileira nas exportações é de US$ 1,5 bilhão. O setor emprega cerca de 400 mil trabalhadores em 320 municípios paulistas. Em ano eleitoral, a remuneração do citricultor é um grande atrativo para a classe política. Isso se comprovou com a presença de políticos e seus assessores na reunião de ontem. Participaram das negociações de ontem os deputados Nelson Marcheselli (PTB-SP), Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) e Jamil Murad (PCdoB -SP). Mercante diz que encerrou a reunião em clima de otimismo. Para ele, o impasse é político e econômico. Os preços chegaram a níveis recordes, por causa da sucessão de furacões na Flórida. "Isso permite a repactuação dos contratos, para que melhore a situação do produtor de laranja". O senador diz estar preocupado com a avanço da cultura da cana-de-açúcar. "A laranja gera muito mais emprego e é um setor importante para o estado e para o Brasil". (Crédito: Isabel Dias de Aguiar - Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados)