SITUAÇÃO ATUAL DO MERCADO DE SUCO DE LARANJA.

22/10/2008

Não há nada que indique um crescimento da produção de laranjas em um futuro próximo, e qualquer aumento de demanda deve entretanto resultar em aumento de preço.

Este foi a mensagem de Marc Van Genutchen que representa a Cutrale Continental Juice BV na conferência  FOODNEWS World Juice 2008.

A produção mundial de laranjas é de 561 milhões de caixas e cerca de metade dela é consumida fresca.

A China, o terceiro maior produtor mundial de laranjas, produz cerca de 134 milhões de caixas. Mas a China processa apenas 6,6 milhões de caixas, o restante é consumido com fruta fresca. A produção chinesa é muito pequena se comparada com a população do país:  corresponde a apenas  uma laranja por dia por habitante. Flórida e Brasil respondem, em conjunto, por 45% da produção mundial de laranjas e 82% do suco.

No ano passado, São Paulo, o maior produtor de laranjas do país, sofreu problemas climáticos que provocaram uma quebra de 28% na produção (18% menos de fruta e 10% de redução no rendimento). O número de árvores produtivas está reduzido a 150,4 milhões, o menor número em 14 anos, e o rendimento é de 1,96 caixas por árvore contra um rendimento de 2,14 caixas por árvore que foi a média dos últimos 14 anos.

Os estoques brasileiros serão, em 30 de junho de 2009, extremamente baixos, nos níveis de dois anos atrás.

Como tem sido amplamente divulgado, a produção de citros no Brasil tem sido comprometida por uma série de doenças como CVC, Morte Súbita, e agora o Greening, que poderão acarretar uma redução de 25 a 30% na produção brasileira.

A taxa de câmbio também conspirou para tornar a produção de suco de laranja menos interessante. O dólar desvalorizou-se em 60% em relação ao real e mais ainda em relação ao Euro, embora esta situação se tenha  alterado nos últimos dias.

 

Redução da produção na Flórida.

 

A Flórida, enquanto isso, tem reduzido sua produção. Na última estimativa, está previsto que a produção será de 166 milhões de caixas indicando uma quebra de 7% na produção de suco (4%  menos de fruta e 3% de redução no rendimento). A Flórida também enfrenta a ameaça das doenças.

Enquanto a produtividade de 2,77 caixas por árvore, estimada para a próxima safra, esteja dentro da média dos últimos 14 anos, que foi de 2,78 cx , o número de árvores produtivas caiu de 80 milhões para 60 milhões nos últimos 12 anos.

Nada se pode fazer para aumentar a produção nestas duas principais regiões produtoras de suco de laranja, resumiu Van Genuchten: juntos, os efeitos do clima e das doenças reduziram a produção conjunta da Fórida e do Brasil em 110 milhões de caixas, o que equivale a 500.000 t de FCOJ.

 

Do lado da demanda, ele atribuiu às altas taxas pagas pelo suco de laranja (70% na Coréia, por exemplo), os altos preços pagos pelo suco de laranja, o que tem restringido a demanda. As exportações do Brasil para a Europa estão estáveis, porém estão crescendo para os EUA.

 

Com relação à China, os consumidores chineses optaram, por razões econômicas, por bebidas com baixo teor de suco, mas mesmo com estes produtos o consumo tem crescido a taxas de 20% ao ano. Agora a China está movendo-se na direção de bebidas com maiores teores de suco e para os sucos puros.

Apontou ainda para outros fatores a se considerar: a crise de crédito e a recente valorização do dólar, que vão comprometer a capacidade dos fornecedores de “commodities” de refinanciar os produtores e os estoques: o crescimento do consumo de NFC: a recente valorização do limão, que  levou alguns citricultores a substituir parte dos pomares de laranja por limão.

Van Genuchten não fez previsões sobre o futuro dos preços do suco de laranja: ele apenas convidou os participantes a tirar suas próprias conclusões e fazer seus cálculos.

 

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