Laranja é ouro?

05/03/2009

Paulo Sader

O início do mês, com o pagamento de salários, o calor, a baixa qualidade da fruta nos pomares, deram mobilidade aos mercadistas em busca de laranjas. O preço que observei, porém, não diferiu muito do que vem sendo praticado nas últimas semanas. Na árvore, R$9,00 a R$10,00/cx. Quanto ao preço da indústria, os rumores sobre contratos ainda são poucos, mas um ou outro já emerge.
Nesta semana o jornal O Estado de São Paulo publicou reportagem sobre a citricultura. Ressalto, dali, as seguintes afirmações: “o produtor está reduzindo os pomares e diversificando a produção na propriedade agrícola”. Esta me parece ser, mesmo, uma atitude inteligente em qualquer setor. “O sudoeste do estado se consolida como novo pólo da citricultura paulista”. Mas, por enquanto, isto não me faz ter vontade de sair do norte, onde estou instalado com meu pomar. E, por fim, a observação do consultor Roberto Salva, sobre a safra que vem, cuja produtividade será afetada pelos efeitos das oscilações climáticas, sobretudo nas região norte e centro do Estado, onde veranicos sucederam as chuvas, e as primeiras floradas não vingaram: “Vamos ter a pior produção por planta dos últimos dez anos nessas regiões.” Esta é uma informação relevante a considerar e observar em cada propriedade.
Importante, também, é a ação que o FUNDECITRUS realizará em março e abril, vistoriando pomares paulistas buscando um quadro real da sua situação no que diz respeito ao greening. A vistoria cobrirá 10% dos pomares. Nunca é demais lembrar que o agendamento de palestras e treinamentos, além de visitas de agrônomos a propriedades e solicitação de material explicativo podem ser conseguidos, junto ao Fundecitrus, pelo telefone 0800-770-7770.
No mercado internacional, ontem, descobrimos que o suco de laranja não é um negócio da China. Junto com o ouro, foi a única commodity cujo preço caiu depois que o país asiático anunciou seu programa de estímulo à economia. Como ponto de honra, só nos resta a companhia do valioso metal, embora só na descida!
Nos EUA, a campanha de marketing da TROPICANA, já referida no post passado, vem se constituindo num grande “case” para estudo. Um dos pontos da campanha foi a mudança na sua tradicional embalagem. Isto provocou reação negativa de consumidores, ainda que o produto continue sendo o mesmo “100% puro suco fresco, nunca de concentrado”. Acrescente-se, ainda, a parte da ação em que a empresa reserva, para cada embalagem de suco adquirida e cadastrada no seu site, um pedaço de terra em florestas tropicais, amazônia brasileira incluída, que será preservada em nome do consumidor. As áreas correspondentes a cada embalagem são de, aproximadamente, 9 metros quadrados. Não sei se os objetivos ambientais serão atingidos, mas bem que poderia dar resultado para o consumo de suco de laranja. Laranjeiras, que também são árvores, ficariam de pé!
Ambientalmente, eu preferia que o Ministro da Agricultura tivesse mais ajuda para efetivar sua simpatia pela incorporação das APP’s às áreas de Reserva Legal, como publicou o site da Associtrus na semana passada.

Fonte: http://www.agroblog.com.br/