Os preços baixos da laranja financiam investimentos na industria de suco.

10/03/2009

Dedini entrega primeiro tanque para transporte de suco de laranja

 

José Rodrigues, para o Valor, de Santos
09/03/2009

 

Em junho, quando forem embarcados seis megatanques em um navio da Gearbulk, São Sebastião estará concretizando o sonho da maioria dos terminais portuários: a criação do elo porto-indústria. A operação começou em fevereiro, com a montagem, no pátio do porto, de quatro desses tanques, produzidos na Dedini, de Piracicaba. Eles foram transportados em partes para o litoral paulista em razão da alta envergadura do cilindro metálico, com 17 metros de altura e 12 metros de largura e pesando 150 toneladas. Depois de montados, os tanques foram postos a bordo do navio "Íbis Arrow", que rumou para Santos a fim de receber a carga destinada à Europa.

 

 

 

Encomendados, no total de 10, pela Louis Dreyfus Commodities, para o transporte de suco de laranja não-concentrado, NFC na sigla em inglês, cada tanque tem capacidade para 1.700 toneladas (1,7 milhão de litros), com a característica de ser de aço inoxidável, autorrefrigerado, com painel isotérmico e, segundo o fabricante, garantindo maior assepcia para o conteúdo.

 

"É a primeira vez que o país produz tanques de estocagem para transporte de suco NFC, logo na primeira parceria da Dedini com a Trilobes", comemora Sérgio Leme Santos, principal de executivo da Dedini. A Trilobes é uma companhia holandesa que detém a tecnologia do processo para a construção dos tanques.

 

Os novos tanques introduzem mudanças na logística de exportação de sucos. Eles permitem utilizar praticamente qualquer navio cargueiro, com algumas adaptações, e são uma alternativa aos tradicionais embarques em tambores ou diretamente nos porões de navios especializados. Cada tanque, posto no convés da embarcação, atua como módulo reversível, compatível com o transporte de outros produtos. Outra vantagem da inovação está na possibilidade de atendimento de demandas inferiores à lotação de um navio especializado em granel líquido.

 

A Dedini, fundada em 1920 e que passou por ampla reformulação em sua gestão nos últimos cinco anos, viu na fabricação dos megatanques, com incorporação de nova tecnologia, uma forma de diversificar seu mercado, originariamente sucroalcooleiro. No ano passado a empresa, uma S.A. de capital fechado, faturou R$ 2,2 bilhões, em comparação aos R$ 200 milhões em 2002. A perspectiva da companhia é chegar a R$ 2,3 bilhões em 2009. O carro-chefe do faturamento foi o setor de açúcar e etanol, com 45,5% das vendas.

 

"Temos unidades em Piracicaba e Sertãozinho em São Paulo; Recife e Maceió, no Nordeste; e planos de internacionalização, pois há possibilidade de se abrir filiais na Índia, China ou América Latina", afirma o executivo da empresa.

 

Para o porto de São Sebastião, os tanques inauguraram uma prática que se diz "promissora", pela união direta com a indústria. Frederico Bussinger, presidente da Companhia Docas de São Sebastião, aposta em novos contratos desse tipo.

 

O navio "Íbis Arrow" pertence à armadora Gearbulk, que mantém uma joint venture com a Louis Dreyfus Commodities, com duração até 2028. O grupo francês Louis Dreyfus atua no Brasil com amplo projeto para tocar um terminal em Santos. No ranking mundial, a empresa ocupa a terceira posição entre os maiores produtores de suco de laranja. Procurada, a Dreyfus Commodities não quis se manifestar.

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