Fechamento da Citrosuco reativa investigação

09/03/2009

Processo sobre cartel instalado em 2006 ainda não teve documentos analisados.

 

 

O Senador Suplicy (PT) justificou a necessidade de urgência no debate sobre a citricultura, com o inesperado fechamento da unidade fabril da Citrosuco em Bebedouro, em sete de fevereiro, quando 208 pessoas perderam o trabalho, inesperadamente. A audiência deverá dinamizar o processo que investiga a denúncia feita em 2006 pelos produtores de formação de cartel na indústria, mas que até agora ainda não teve analisados parte dos documentos apreendidos. Os produtores hoje têm dúvida se os documentos que permanecem na SDE são de fato os que foram apreendidos.

Para o presidente da Associtrus, Flávio Viegas, muito da distância entre indústrias e produtores se deve ao fato de as primeiras terem certeza da impunidade. Para o presidente do Sindicato Rural, José Osvaldo Junqueira Franco, pesa o poder econômico e a inércia do setor governamental. “Tivemos notícia de que as indústrias estavam fazendo levantamento da produção de laranja, inclusive com imagens aéreas. Quem tem de fazer isso é o governo e não a indústria, que detém essas informações para se beneficiar”, atribui o sindicalista.

Um dos pilares do “poder econômico” citado pelo sindicalista é o fato de a indústria de suco produzir o terceiro mais volumoso item da pauta de exportações brasileiras. De acordo com a Associtrus, a indústria também subfatura o valor do suco e subprodutos exportados. No ano de 2008, quando o setor faturou cerca de US$ 1,6 bilhão, cerca de US$ 750 milhões em divisas teriam escoado do Porto de Santos sem pauta. As contas vêm de números de publicações especializadas. “O NFC foi registrado nas exportações, em 2008, ao preço médio de US$ 311 a tonelada, mas foi vendido, no granel, à faixa de US$ 750 milhões a tonelada”, diz o relatório do senador. O NFC - suco de laranja pasteurizado e não concentrado -, corresponde, em volume, a mais de cinco vezes o suco concentrado. Em faturamento, o valor é quase três vezes superior.

O produtor brasileiro gasta R$ 17 para produzir uma caixa de laranja de 40,8 quilos que tem remuneração oscilante entre R$ 6 e R$ 15. A defasagem na remuneração teve como efeito a redução do número de pequenos produtores que caiu de 28 mil, em 1995 para 7 mil. Em sentido contrário à diminuição do custo da laranja para a indústria, o preço do suco para o consumidor final aumentou cerca de 35% entre 2000 e 2007. O estoque mundial, segundo dados de um banco holandês caiu de 152 mil toneladas em 2007/2008 para 79 mil em 2008/2009. Confirmando a imunidade do setor à crise mundial, a produção de laranja da Flórida (EUA) mantém a tendência de redução enquanto o consumo de suco tem crescimento em pelo menos quatro países. As indústrias brasileiras exportam 83% do suco que produzem. Relatórios da Cecex confirmam o crescimento das exportações.

 

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