Laranja perde cada vez mais espaço e produtores em São Paulo

11/03/2009

Citricultores do estado de São Paulo - referência nacional na produção de laranja - estão diversificando a produção para resistir aos ciclos da crise no setor. Alguns até desistem da atividade e migram para outras culturas, principalmente para a cana-de-açúcar, onde esperam encontrar melhor remuneração.

 

No município de Bebedouro (SP), a área plantada, que antes era de 50 mil hectares, caiu para 18 mil nos últimos anos. O presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, José Osvaldo Junqueira Franco, aponta que no estado de São Paulo cerca de 20 mil produtores deixaram a cultura da laranja e migraram para outros cultivos. Antes com 27 mil produtores, hoje o estado conta com apenas sete mil.

 

Um dos motivos para essa migração é a alta dos insumos, problema que atinge todo o setor agropecuário brasileiro e que elevou em grandes proporções os custos de produção. No caso da laranja, essa situação é agravada pelo greening, que hoje é a doença que mais ameaça a citricultura no estado de São Paulo.

 

Para erradicar o problema, os produtores aplicam inseticidas e arrancam as árvores contaminadas, no entanto, essas medidas já não são suficientes para combater a doença, além de encarecer os custos de produção. Segundo levantamento feito em abril de 2008 pelo Fundecitrus (Fundo de Desenvolvimento da Citricultura), no Estado de São Paulo e no sul do Triângulo Mineiro, 18,57% dos talhões tinham casos de greening.

 

Outro problema apontado por especialistas é o monopólio das indústrias de suco de laranja. “As indústrias esmagadoras fazem o que querem e oferecem baixa remuneração aos produtores”, afirma o presidente da Associação dos Hortifruticultores da região de Itapetininga, Celso Salata. O presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, José Franco, completa: “A citricultura envolve vários produtores, caminhoneiros autônomos, oficinas de manutenção, revendas de máquinas. Todo o conglomerado que gira em torno da laranja diminui quando há uma concentração na mão das usinas”, diz.

 

A diversificação aparece então como saída para garantir a lucratividade do produtor durante períodos de crise. “É importantíssimo o produtor diversificar. É uma estratégia de negócios. Ficar somente em uma cultura no mundo atual é muito arriscado”, afirma o secretário adjunto de Agricultura do estado de São Paulo, Antonio Julio Junqueira de Queiroz. O diretor técnico do EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Barretos, João Amadeu Giacchetto comunga da opinião do secretário. “A diversidade é importante para, no momento de crise, o produtor ter como se manter. Toda vez que diminui a diversificação, você favorece a monocultura e o cenário fica ruim”, alerta.

 

Fonte: Campo News