Pêra-mahle pode ser a laranja do futuro

09/11/2009

Ela ainda está em fase de testes, mas produtor garante bons negócios futuros

 

O produtor de citrus de Bebedouro, Otto Henrique Mahle Neto, foi quem descobriu essa nova variedade de laranja em uma de suas propriedades, localizada na região de Barretos. Em meio a centenas de pés da fruta, onze árvores de destacavam pela alta produtividade e também pela vitalidade em relação às outras, que já apresentavam muitas doenças como o amarelinho.

A produção dessas plantas foi acompanhada de perto pelo produtor durante os anos de 2004 e 2005, que havia registrado resultados surpreendentes. “A florada delas era espetacular”, comentou Otto. No ano seguinte, em 2006, três delas foram selecionadas para participar do Programa Laranja Nota 10, no qual premiavam-se as plantas de mais destaque, as mais produtivas e isentas de doenças.

A produção de Otto Mahle Neto recebeu o primeiro lugar em qualidade por diversos aspectos, entre entres, a ausência de doenças, o tamanho médio da fruta, o peso e a quantidade da produção.

A partir disso, o Centro de Citricultura, de Cordeirópolis, que, na ocasião, era integrado por Eduardo Firmino, membro também do Programa Laranja Nota 10, começou a realizar uma série de testes com a planta vencedora do concurso, que recebeu o sobrenome do produtor (Mahle). A partir de amostras coletadas, o material genético foi isolado, e com isso pode ser comprovada a sanidade da planta.

Não se tratava de uma nova espécie de laranja, pois todas as características eram da tradicional pêra (ou pêra-rio), desde o sabor do suco (o preferido do mercado consumidor), como muitas das características físicas. Tratava-se de uma mutação genética, que tornou a pêra-mahle muito mais resistente e produtiva. Era um pouco mais graúda do que a pêra comum, mais pesada também, e o tempo de maturação ou colheita era apenas um pouco mais tardio do que ao da pêra.

Mas a principal diferença consistia no vigor da planta, que se apresentava imune às doenças que tomavam conta de todo o pomar e, talvez por isso, tinha uma produção extremamente elevada em relação às outras. Otto Mahle conta que, enquanto um pé sadio comum produzia em média 5 caixas de laranjas, os selecionados produziam o dobro. Em 2006, data em que as plantas participaram do concurso, já não havia nenhum adubo ou outro implemento, mas mesmo assim a produção se mantinha elevada, com 7,3 caixas.

Otto Mahle explicou que a nova variação pode ser economicamente mais viável ao produtor de citrus. A pêra é a laranja mais procurada por causa do sabor mais doce, mas as plantas são menos resistentes às doenças, o que torna o produto final pouco atrativo ao citricultor. “Já a pêra-mahle, por ser mais resistente e mais produtiva, pode fazer a produção sair desse déficit e aumentar os lucros do produtor, que se encontra atualmente em péssimas condições”, garantiu Otto.

Atualmente, o pomar onde as plantas foram encontradas foi erradicado devido à alta concentração de doenças, mas por causa da coleta do material genético hoje elas estão sendo propagadas. 300 mudas já foram plantadas em Cajuru/SP e mais 2.500 aguardam para serem plantadas em Barretos/SP. Otto afirma que num prazo de dois anos os frutos já vão começar a nascer e será possível comprovar na prática a qualidade da pêra-mahle.

As mudas ainda não estão sendo disponibilizadas para outros citricultores, porque ainda estão numa fase de testes. Mas, após ser comprovada a qualidade da nova planta e ser finalmente registrada, a expectativa é que ela seja comercializada normalmente. De acordo com Otto, o prazo para tudo isso acontecer pode levar até cinco anos.

 

Crédito: Jornal Impacto de Bebedouro.

 

 

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