A geada na Flórida

23/01/2010

Flávio Viegas

 

As primeiras informações dão conta de que mais de 30% da safra da Flórida foi comprometida com as geadas que lá ocorreram nos dias 6,10 e 11 de janeiro de 2010.

 

Representantes do Departamento de Agricultura da Flórida informam que, em alguns locais, os pomares enfrentaram temperaturas de -6º e comentaram que baixas temperaturas haviam ocorrido em outras ocasiões, mas só em 1949 a duração das baixas temperaturas foi tão longa.

 

 As baixas temperaturas provocaram também um intenso desfolhamento das árvores, o que deverá comprometer também a safra futura.

 

A geada, além de reduzir a produção, tem um forte impacto na qualidade, pois frutas imaturas e em processo de alterações enzimáticas e microbianas são processadas, produzindo um suco que precisa ser misturado com suco importado de boa qualidade para ser comercializado.

 

A queda da produção e da qualidade terá impacto no preço do suco, que já aumentou mais de 50% devido a estimativa de quebra de 17% da safra, feita antes das geadas, pelo USDA.

 

Os citricultores da Flórida serão beneficiados por reajustes significativos de preços graças à sua organização, ao funcionamento das leis de mercado e ao sistema jurídico rápido e confiável.

 

Uma situação como esta era para colocar as empresas imediatamente no mercado para assegurar a matéria-prima para garantir o abastecimento dos clientes e aproveitar os bons preços do suco.

 

Porém aqui no Brasil já se prevê que o setor industrial concentrado na mão de três empresas que não competem entre si, não verá a necessidade de reajustar o preço da laranja.

 

Muito provavelmente os produtores com contratos de US$ 3,00 a 4,00- preços que não cobrem sequer 50% do custo de produção -serão obrigados a cumpri-los.

 

Muitos desses contratos, que haviam sido feitos após os furacões, a preços mais altos, foram “renegociados” e tiveram seus valores reduzidos, no início do ano passado.

 

Resta uma tênue esperança para os produtores que  não tiveram seus contratos  renovados.

 

Mas como aconteceu no passado, as indústrias vão utilizar os argumentos de que  já negociaram contratos até o final do ano a preços “de banana”, pois embora o valor do suco pela cotação da Bolsa de NY esteja num patamar superior a US$ 1600,00 desde outubro de 2009 e tenha superado US$ 2000,00 em janeiro de 2010, a indústria continua a registrar as exportações a US$ 1000,00! Incompetência?

 

Assim o cartel continua a destruir o setor com a conivência das nossas instituições.

 Crédito: Jornal Impacto

               Bebedouro/SP