Flávio Viegas
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As primeiras informações dão conta de que mais de 30% da safra da Flórida foi comprometida com as geadas que lá ocorreram nos dias 6,10 e 11 de janeiro de 2010.
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Representantes do Departamento de Agricultura da Flórida informam que, em alguns locais, os pomares enfrentaram temperaturas de -6º e comentaram que baixas temperaturas haviam ocorrido em outras ocasiões, mas só em 1949 a duração das baixas temperaturas foi tão longa.
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 As baixas temperaturas provocaram também um intenso desfolhamento das árvores, o que deverá comprometer também a safra futura.
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A geada, além de reduzir a produção, tem um forte impacto na qualidade, pois frutas imaturas e em processo de alterações enzimáticas e microbianas são processadas, produzindo um suco que precisa ser misturado com suco importado de boa qualidade para ser comercializado.
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A queda da produção e da qualidade terá impacto no preço do suco, que já aumentou mais de 50% devido a estimativa de quebra de 17% da safra, feita antes das geadas, pelo USDA.
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Os citricultores da Flórida serão beneficiados por reajustes significativos de preços graças à sua organização, ao funcionamento das leis de mercado e ao sistema jurídico rápido e confiável.
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Uma situação como esta era para colocar as empresas imediatamente no mercado para assegurar a matéria-prima para garantir o abastecimento dos clientes e aproveitar os bons preços do suco.
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Porém aqui no Brasil já se prevê que o setor industrial concentrado na mão de três empresas que não competem entre si, não verá a necessidade de reajustar o preço da laranja.
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Muito provavelmente os produtores com contratos de US$ 3,00 a 4,00- preços que não cobrem sequer 50% do custo de produção -serão obrigados a cumpri-los.
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Muitos desses contratos, que haviam sido feitos após os furacões, a preços mais altos, foram “renegociados” e tiveram seus valores reduzidos, no início do ano passado.
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Resta uma tênue esperança para os produtores que não tiveram seus contratos renovados.
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Mas como aconteceu no passado, as indústrias vão utilizar os argumentos de que  já negociaram contratos até o final do ano a preços “de banana”, pois embora o valor do suco pela cotação da Bolsa de NY esteja num patamar superior a US$ 1600,00 desde outubro de 2009 e tenha superado US$ 2000,00 em janeiro de 2010, a indústria continua a registrar as exportações a US$ 1000,00! Incompetência?
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Assim o cartel continua a destruir o setor com a conivência das nossas instituições.
 Crédito: Jornal Impacto
              Bebedouro/SP |