Ministério da Agricultura decide intervir no preço da laranja

14/12/2005
O Governo Federal decidiu intervir na crise entre indústria e citricultores, assumindo as discussões da implantação de um contrato padrão para controle de preço da laranja, o chamado Consecitrus. Além disso, a Secretaria de Política Agrária, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, vai participar da elaboração do plano de ações para o próximo ano da Câmara Setorial de Cítricos, presidida por Flávio Viegas, também presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus). As decisões foram tomadas ontem, durante uma calorosa reunião que durou mais de uma hora, em Jaboticabal, na qual membros da entidade e representantes do Governo decidiram algumas estratégias para superar o período conturbado pelo qual o setor está passando. A discussão girou em torno da saída de representantes da indústria de suco da Câmara Setorial, já que, na última semana, a Associação dos Exportadores de Cítricos Brasileira (Abecitrus) pediu desligamento da entidade por divergências entre os setores produtivo e industrial. Na reunião ficou decidido que a Secretaria de Políticas Agrárias assumirá a elaboração de um documento com ações de fortalecimento da cadeia citrícola. Neste plano constará atuações de pesquisa, desenvolvimento, experimentação, assistência técnica, marketing, produção e finanças. “E dentro das discussões financeiras, a secretaria irá assumir a pauta das relações contratuais”, explica o secretário federal de Políticas Agrárias, Ivan Wedekin, se referindo aos preços e a discussão sobre o chamado Consecitrus. No final da reunião, da qual a imprensa não pôde participar, o secretário disse que a Faculdade Getulio Vargas (FGV) irá ouvir todas as partes da cadeia e elaborar um estudo econômico sobre a viabilidade de um contrato padrão. “Depois do contrato elaborado e o plano de ações pronto, o Conselho Administrativo de Defesa da Economia (Cade) deve avaliar o caso”, acredita Wedekin. Manobra “Tirando o Consecitrus das discussões da Câmara Setorial, a indústria poderá repensar sua volta à entidade”, declarou o presidente Flávio Viegas, que se comprometeu a redigir um documento pedindo o retorno da Abecitrus à Câmara. Viegas estava mais contido na reunião de ontem, depois de ter afirmado, na semana passada, que a presença da indústria era indiferente na entidade. Após o encontro com o representante do Ministério da Agricultura, Viegas mudou o discurso e declarou que, “para uma Câmara Setorial funcionar bem, é preciso ter a presença de produtores e indústria”. Segundo informações apuradas pela Tribuna, durante a reunião foi cogitada inclusive a saída de Flávio Viegas da presidência da Câmara Setorial para garantir a volta da Abecitrus, mas como alguns membros se opuseram a sua saída, ficou decidido que ele permanecerá no cargo pelo menos até julho, quando termina seu mandato. Flávio Viegas foi indicado para o cargo pelo Ministro Roberto Rodrigues, em julho do ano passado, na fundação da Câmara Setorial. (Crédito: Fernanda Manécolo - repórter da Tribuna)