Controle biológico da larva-minadora em pomares do País

13/12/2005
O inseto-praga, larva-minadora-da-folha-dos-citros, vem causando desde 1996 sérios prejuízos à citricultura nacional. Esta praga é originária da Ásia, e hoje se encontra distribuída na Austrália, África, Américas do Norte, Central e do Sul e na região do Mediterrâneo. Poucas pragas se espalharam por uma área tão extensa de norte a sul do Brasil, e causaram tanta preocupação em um período tão curto de tempo, quanto a larva-minadora.

Esta praga ataca brotações novas de todas as variedades cítricas. Os ovos deste inseto são depositados nas folhas novas, de onde emerge a larva, que se alimenta da folha formando galerias. Normalmente ataca folhas, no entanto, em alta população, pode ser observada nos ramos das vegetações novas e em frutos. No final da sua fase de larva, a larva-minadora migra para a borda das folhas onde constrói um casulo que a abrigará durante a fase de pupa, até se tornar adulta. A sua presença nos pomares favorece a contaminação pela bactéria do Cancro Cítrico, doença de importância na citricultura.

O controle, a longo prazo, dessa praga com produtos químicos é contestável devido a problemas de custo e eficiência, sendo o controle biológico considerado a melhor opção. A redução do uso dos químicos, diminui o risco de contaminação do meio ambiente, melhorando a qualidade de vida do homem rural. O uso da prática do controle biológico de pragas busca o equilíbrio das cadeias alimentares dos organismos relacionados na entomofauna do sitema citros brasileiro. Essa praga possui um grande número de inimigos naturais, sendo os principais pertencentes à ordem das vespas. No Brasil, levantamentos preliminares realizados pela Embrapa Meio Ambiente em 1996 já apontaram a presença de parasitóides, tipo de vespinhas que efetuam o controle biológico da praga nos pomares cítricos paulistas. Foram seis espécies de vespinhas nativas encontradas na região de Jaguariúna, predominando a espécie de nome Galeopsomyia fausta nativa da região.

Posteriormente, devido ao aumento dos focos de infestação dessa praga exótica nos pomares paulistas em associação com a ocorrência da doença cancro cítrico; foi realizada paralelamente uma expedição científica de coleta e importação de um parasitóide exótico, chamado Ageniaspis citricola de Gainesville, Florida, Estados Unidos.

Esse parasitóide foi introduzido em caráter emergencial no País através do Laboratório de Quarentena Costa Lima, da Embrapa Meio Ambiente. Após sucessivas liberações desta vespinha importada nos pomares paulistas conseguiu-se um parasitismo ao redor de 60 a 80% da praga nos pomares, notando-se para esta vespinha uma boa capacidade de adaptação, estabelecimento e controle biológico efetivo da praga larva-minadora nos pomares estudados.

A Embrapa verificou para os municípios de Jaguariúna e Aguaí, um parasitismo de 40,32% desta vespinha importada. Também, no Estado de São Paulo foram liberados 350.000 adultos do parasitóide Ageniaspis citricola em diferentes áreas representativas de produção de citros relativas à 63 municípios pelos parceiros Esalq e Fundecitrus. O parasitismo desta praga pela vespinha em 17 propriedades localizadas nas regiões norte, central e sul estado de São Paulo foi de até 88% das áreas liberadas. Registraram-se porcentagens médias de parasitismo de 32,9% (26,4-38,7%), 30,8 % (4,4-45,3%) e 4,4% (0-14%) nas regiões sul (mais úmida), central e norte (mais seca), respectivamente.

O resultado de adaptação do parasitóide, três anos após a introdução, é muito significativo, sendo mais um caso de sucesso de controle biológico clássico no Brasil segundo a Esalq/USP. Os beneficiários com esta tecnologia no país foram transferidos para os produtores agrícolas; cooperativas de produtores agrícolas, extensionistas e toda a população que vivem nestas áreas citrícolas, uma vez que estando o inseto-praga controlado por estes inimigos naturais e pelo importado dos Estados Unidos da América, diminui-se o uso de agrotóxicos diminuindo-se também os problemas de contaminação do solo e da água principalmente.

(Crédito: Cultivar, 13 de dezembro de 2005)