Editorial Associtrus -O FUNDECITRUS.

04/12/2007

O Fundecitrus

 

 

Embora a indústria e seus colaboradores, no seu incessante trabalho de desinformar, queiram fazer crer, não somos contrários ao Fundecitrus, mas à forma como tem sido usado e  gerido, principalmente nos últimos doze anos, aumentando a assimetria de informações entre citricultores e indústria. Quem tem demonstrado falta de compromisso com a citricultura é a indústria que, num momento crítico do setor, sabedora do risco representado pelo “greening”, retira do Fundecitrus 50% do orçamento!

O Fundecitrus foi criado por uma parceria entre  a Associtrus, representando os citricultores, e a indústria, que contribuiriam, em partes iguais, para o custeio do orçamento do órgão. Para isso, a Associtrus abriu mão das contribuições que lhe caberiam, transferindo-as para o fundo. Essa decisão fortaleceu o combate às pragas, mas fez com que  os citricultores perdessem a capacidade de se defender de outras ameaças que hoje verificamos terem sido  mais danosas ao setor.    

Com o  enfraquecimento da Associtrus,  a indústria assumiu o controle do fundo e  substituiu os representantes da Associtrus  por “amigos da indústria”, muitos dos quais nem eram citricultores ou já haviam abandonado a atividade.

Sem que ninguém  se opusesse, foi distorcendo os objetivos iniciais, criando cargos com altas remunerações, envolvendo-se em atividades que deveriam ser desenvolvidas pelas universidades e institutos de pesquisa, desviando recursos que deveriam ser destinados ao combate das doenças, que sempre ameaçaram a citricultura.

Algumas indústrias deixaram de contribuir e, algumas vezes, deixaram de repassar os recursos arrecadados dos citricultores! Em seguida, mudaram e mantiveram em segredo o critério de contribuição da indústria ao fundo (“Fórmula Carneiro”).

Os conselheiros fiscais não têm acesso ao valor arrecadado dos citricultores e, portanto, não podem saber se os valores  estão sendo devidamente repassados e muito menos  qual é a parcela de contribuição da indústria. Além disso, a indústria utiliza o controle da transferência dos fundos arrecadados como uma arma adicional para submeter o Fundecitrus aos seus caprichos. As universidades e centros de pesquisa recebem as verbas se se submeterem às vontades da indústria. Muitos estão convencidos de que as contribuições que recebem são provenientes da indústria e passam a defendê-la e com todo ardor e subserviência, em vez de defender a citricultura e os citricultores.

A maioria dos trabalhos contratados, muitos deles executados nas fazendas das indústrias, não são divulgados ou são divulgados depois que a indústria usou as informações de forma privilegiada! Assim tem sido com o levantamento que o Fundecitrus faz do parque citrícola, que nunca foi publicado; com o resultado das pesquisas sobre a morte súbita, que foi publicado depois que a indústria se havia  beneficiado das informações, entre muitos outros casos.

Da mesma forma, parte da mídia é cooptada por meio de anúncios, viagens, e outras benesses, criando uma “blindagem” muito efetiva contra a divulgação de notícias que não agradem à indústria.

O mais grave, porém, é a incompetência que o Fundecitrus tem demonstrado ao detectar a “morte súbita” e o “greening”, depois que as doenças estavam instaladas há anos, já haviam causado enormes prejuízos e se haviam espalhado por grandes áreas. Tivemos até casos de cancro cítrico que foi disseminado por mudas de viveiros telados! O amarelinho e o cancro cítrico devastaram a citricultura, na última década, exatamente o período em que o Fundecitrus esteve sob o controle absoluto da indústria.

 Continuamos a ter noticias de que mudas de viveiros abertos, vindos até de outros estados, estão sendo plantadas nas novas áreas de expansão da citricultura! Sabe-se que as mudas produzidas nos viveiros excedem as borbulhas certificadas! E, para aumentar os riscos e ocultar a perda de produção de S Paulo, a indústria faz com que caminhões atravessem o país de norte a sul trazendo laranja e espalhando doenças e pragas por todo o Brasil.

A transparência e a democratização da gestão do Fundecitrus poderiam evitar que essa iniciativa única e exemplar se perca, porém a indústria não admite perder a poderosa arma política que tem em mãos e acha que o PENSA vai convencer o produtor de que, entregando definitivamente o controle do fundo à indústria e assumindo o ônus de arcar com a maior parte do orçamento do fundo, estará resolvendo os seus problemas.

O citrultor não vai adquirir esse novíssimo produto das Organizações Tabajara.

 

 ASSOCITRUS

 

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