Cutrale anuncia que setor discute mudanças na remuneração de citricultores

06/05/2010
Empresa abriu as portas para explicar como as novas regras podem ser adotadas

A Cutrale, maior indústria de suco de laranja do país, anunciou, nesta segunda-feira (3), em Araraquara, que o setor está discutindo uma nova fórmula para remunerar os agricultores. A empresa abriu as portas para explicar como as novas regras podem ser adotadas. Confira o vídeo ao lado.

A mudança vem em um momento em que muitos produtores começam a colher as variedades precoces da fruta e reclamam que o valor recebido da indústria não compensa os investimentos.

Os laranjais já estão movimentados já que, por causa do excesso de chuva, a colheita começou um mês mais cedo. A temporada de empregos também foi aberta.

Apesar disso, o citricultor Luís Eduardo Paulino não está otimista. Metade das plantas do seu laranjal foi arrancada por causa do amarelão, chamado de greening em inglês.

Ele diz que deixou de pulverizar os pés e cortar o mato porque só teve prejuízo em 2009. No início da passada, recebeu R$ 3,50 por caixa. Agora, a indústria está pagando três vezes mais. “Esse preço não alivia o prejuízo dos produtores devido ao baixo valor pago na safra anterior, que já vinha na safra 2008, que estava em torno de R$ 7 a caixa. Não tem com amortizar os prejuízos passados”, disse.

O início do processamento na Cutrale foi marcado pela visita dos produtores. A maioria foi ao local pela primeira vez. Eles conversaram com o diretor corporativo Carlos Viacava, que já foi secretário geral do Ministério da Fazenda e presidente da Associação dos Criadores de Nelore.

Ele negou que o setor dominado por quatro grandes empresas seja cartelizado. “Não existe combinação de preços. Tem vários tipos de contratos, de modalidades. O citricultor escolhe o que ele quer e, no fim do ano, vai saber qual foi o preço de cada um”, explicou.

O encontro foi uma tentativa de aproximação entre produtores e indústria. Os dois lados concordam que é preciso mudar o sistema de remuneração dos agricultores, para evitar grandes oscilações.

A idéia inicial é desenvolver um cálculo de pagamento parecido com o que já existe no setor de cana, que leva em conta o rendimento industrial e os preços de mercado. “A partir do momento que há uma fórmula de preço, para dar segurança para os próximos anos, é bom. Isso está acontecendo e começando efetivamente um bom entendimento disse o presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos.

A segunda reunião entre indústria e produtores para discutir o assunto está marcada para quinta-feira (6) na Secretaria da Agricultura, em São Paulo.


Fonte: EPTV