Governo vai propor manutenção de três conselheiros do Cade
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13/05/2010 |
O Ministério da Justiça enviou, ontem, para a Casa Civil a proposta de
recondução de três integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) cujos mandatos terminam em agosto. São eles os conselheiros Olavo
Chinaglia, Vinícius Carvalho e Carlos Ragazzo.
A expectativa é que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva envie a mensagem com os três nomes nos
próximos dias para o Senado. Lá, passarão por sabatina na Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) e por votação no plenário.
As indicações foram feitas
em comum acordo com o Ministério da Fazenda. Se aprovadas, as reconduções
evitariam que os processos que eles estão analisando passem por trocas de
relatoria. Ragazzo é relator da compra da Sadia pela Perdigão. Carvalho está
conduzindo as compras feitas pelo Pão de Açúcar no varejo - as aquisições do
Ponto Frio e das Casas Bahia. São processos complexos que deverão demorar meses
para entrar na pauta de julgamentos. A recondução garantiria continuidade na
análise.
Houve ainda uma preocupação dos ministérios em enviar os nomes
antes do fim do primeiro semestre. Os mandatos de Chinaglia, Carvalho e Ragazzo
terminam entre os dias 3 e 8 de agosto. Como é ano eleitoral, o Ministério da
Justiça avaliou que seria mais difícil reunir os senadores para votar os nomes a
partir de agosto, quando parlamentares estarão focados nas suas respectivas
campanhas, em seus Estados.
Por fim, há a preocupação em não paralisar
as atividades do órgão antitruste. O Cade tem sete integrantes: um presidente e
seis conselheiros. São necessários pelo menos cinco para julgar fusões,
aquisições e processos envolvendo cartéis. Logo, se o conselho perdesse três de
seus membros, haveria a interrupção na análise de fusões no país. As empresas
ficariam numa situação de insegurança com relação aos seus negócios, pois não
haveria quorum mínimo para julgá-los.
Os ministérios da Justiça e da
Fazenda ainda não chegaram a uma conclusão a respeito da recondução do
presidente do Cade, Arthur Badin, e do conselheiro César Mattos, cujos mandatos
terminam em novembro. Ambos podem ficar mais dois anos no órgão antitruste. Mas
as pastas da Justiça e da Fazenda preferiram solucionar primeiro o problema dos
três conselheiros cujos mandatos vencem em agosto, o que garante quorum e
continuidade para as atividades do Cade.
Além de votar as reconduções, o
Senado também terá de analisar o projeto de lei que reforma a legislação de
defesa da concorrência e dá novos poderes ao Cade. O texto prevê a aprovação
prévia de fusões e aquisições, o que significa que os empresários só terão os
seus negócios finalizados depois do julgamento final do Cade. Hoje, as empresas
fazem fusões e, depois, recebem o aval ou não do órgão antitruste, o que cria
algumas dificuldades, como, por exemplo, o Cade mandar vender fábricas dois anos
depois da realização do negócio. O projeto também daria maior estrutura para o
órgão antitruste julgar fusões e aquisições: prevê a criação de um corpo técnico
de servidores especializados em defesa da concorrência.
Ontem, o projeto
de lei do novo Cade estava na fila de votação do Senado, atrás de três medidas
provisórias e do projeto que trata do pré-sal. Não foi votado.
Juliano Basile, de Brasília 12/05/2010 |
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