Safra 2011-12

13/05/2011
Durante o Agrishow foram apresentadas as estimativas de safra de laranja para o estado de São Paulo pela CitrusBR e pela Conab/IEA/CATI.

Embora os números totais pareçam estar na mesma faixa, uma análise mais profunda dos dados mostra discrepâncias muito grandes.

A safra apresentada pela indústria, que incorpora o Triângulo Mineiro e exclui a produção das áreas fora do cinturão citrícola de São Paulo, informa uma produção estimada em 387 milhões de caixas em um parque citrícola de 164,2 milhões de árvores produtivas, o que corresponderia a uma produtividade de 2,36 caixas por árvore.

Já a safra estimada pela Conab/IEA/CATI é de 354,98 milhões de caixas em um parque citrícola de 189,4 milhões de árvores produtivas, o que corresponde a uma produtividade de 1,87 caixas por árvore. A produtividade estimada pela indústria é 25,8% maior que a produtividade estimada pela Conab!

Se utilizássemos a produtividade da Conab no parque citrícola apontado pela indústria, teríamos uma safra no cinturão citrícola de 308 milhões de caixas, uma diferença de cerca de 80 milhões de caixas.

Embora as discrepâncias tenham sido enormes e muito acima do que esperávamos, devemos reconhecer os avanços obtidos. A estimativa de safra da Conab/IEA/CATI apresenta os dados de maneira bastante detalhada e de maneira tecnicamente irrepreensível e imputamos as discrepâncias a, principalmente, dificuldades na atualização do número de árvores produtivas.

O Fundecitrus, que vive da contribuição dos citricultores e de verbas estatais, deveria ser obrigado a ter alguma transparência e publicar as informações que coleta com os recursos arrecadados, em particular as informações detalhadas sobre o parque citrícola.

As indústrias estão usando todas as manobras possíveis para baixar os preços, como já denunciamos aqui. Apesar do baixo estoque e dos altos preços do suco, a indústria retarda o início das compras para que os produtores, endividados por anos de preços aviltantes, aceitem os preços impostos pelo suposto cartel. Atualmente, a única proposta no mercado é da LDC, que propõe um adiantamento de até R$7,00; mas os preços serão definidos apenas a partir de setembro. Essa proposta coloca os produtores em enorme risco, mas grande número deles, endividados, não têm outra opção para fazer frente aos compromissos. Outra medida baixista é a abertura de uma única fábrica da LDC, em Engenheiro Coelho, que está pagando US$4,00 por caixa.

Preocupado com a enorme volatilidade dos preços, o governo estuda medidas que possam evitar sua queda. Assim sugerimos que os produtores reflitam bem antes de fechar os novos contratos.


Fonte: Flávio Viegas