Produtores querem assegurar direito à indenização pelos anos de cartel



12/06/2017

Os depoimentos do diretor institucional da Citrosuco, Clauber Andrade Souza, do diretor de operações da Plataforma de Citros da Louis Dreyfus Company (LDC), Jorge Costa, e do diretor agrícola da Cutrale, Valdir Guessi, irritaram os parlamentares presentes na CPI da Cartelização da Laranja, ontem (8/6), na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Em pouco mais de duas horas, todos negaram desconhecer as práticas de cartel e detalhes do acordo assinado pelas indústrias com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Economica). Em novembro de 2016, o tribunal do Conselho confirmou o fechamento de um acordo de R$ 301 milhões com empresas produtoras de suco de laranja que admitiram formação de cartel nas negociações para a compra da fruta. O processo, iniciado em 1999, era o mais antigo do órgão antitruste e tem o valor mais alto já pago em qualquer acordo firmado no Cade, porém o único em que a decisão ficou sob sigilo. “Queremos ter o direito do acesso à decisão do Cade. Precisamos saber qual o período que abrange este acordo e quais as medidas tomadas para que as práticas anticoncorrenciais cessem. Os produtores têm direito à indenização pelos prejuízos causados pelos anos de prática de cartel”, observa o presidente da Associtrus, Flávio Viegas enfatizando que o acordo, no valor de R$ 301 milhões, apesar de ser o maior do órgão antitruste é irrisório perto dos prejuízos causados aos produtores.
O vice-presidente da CPI e autor do pedido, deputado estadual Barros Munhoz, solicitou a convocação de representantes das empresas responsáveis pela compra direta da fruta para que as questões apresentadas sejam respondidas a contento dos parlamentares. "Eu saí com mais perguntas do que eu entrei". Já o deputado José Zico Prado (PT) solicitou a convocação de representantes do Cade para esclarecerem o acordo.
Os pedidos foram aprovados e, em breve, o presidente da Comissão, deputado Fernando Cury, deverá convocar novamente representantes das empresas.
Quanto aos depoimentos dos representantes dos produtores, que seriam ouvidos na sessão de ontem (8/6), ficou agendado para as próximas semanas.
O presidente da Associtrus, Flávio Viegas, acredita que a CPI tem encaminhado bem as questões que lhe cabem e pede aos produtores que acompanhem de perto todos os assuntos relacionados ao setor.

 Flávio Viegas, presidente da Associtrus