Pesquisador divulga resultadode visita a pomares americanos.

28/12/2007

O agrônomo da Embrapa e da Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, Eduardo Sanches Stuchi, participa de intercâmbio nos Estados Unidos.

 

 

No campo, não se discute: o greening é uma das maiores preocupações da citricultura no mundo. Supostamente originária da China, ainda não tem cura. Pesquisador da EECB (Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro) e da Embrapa, Eduardo Sanches Stuchi foi convidado pelo Depto. de Agricultura dos Estados Unidos para intercâmbio, de 25 de novembro a 9 deste mês, sobre os caminhos de erradicação da doença. Ele lá esteve em companhia de mais seis pesquisadores da área de fruticultura do Estado de São Paulo, que deveriam passar por treinamento de combate ao greening, com base nas técnicas norte-americanas. Ocorre que, com a bagagem dos brasileiros, o que houve foi troca de experiências: “o nível de conhecimento do greening entre Brasil e EUA é o mesmo”, constata Eduardo.

Para os brasileiros acumularem informações sobre as formas de combate ao greening nos EUA, eles visitaram seis municípios da Flórida.

 

Brasil e EUA - Nenhum dos dois países tem números exatos das propriedades agrícolas afetadas pelo greening. Os norte-americanos investiram, neste ano, US$ 5 milhões em pesquisas, com apoio da iniciativa privada: “eles são mais ágeis para obter recursos”, diz Eduardo.

A diferença entre o setor produtivo citrícola do Brasil e dos EUA está na capacidade de resposta dos americanos: “eles estão com várias frentes de pesquisas”, argumenta o pesquisador, que acredita em maior aporte de recursos financeiros nos EUA para o próximo ano.

 

Combate – Sem técnicas de cura dos pomares afetados, os produtores americanos são obrigados a usar a mesma estratégia dos brasileiros: erradicação das árvores. Também são aconselhados a fazer o controle do inseto transmissor e a adquirirem mudas sadias.

 

Vanguarda – Devido ao empenho dos pesquisadores dos EUA, Eduardo Stuchi prevê pioneirismo no desenvolvimento de variedade resistente ao greening. O prejudicial ao Brasil será a possível obrigatoriedade de pagamento de direitos às instituições de pesquisas e empresas dos Estados Unidos detentoras da descoberta.

Em solo brasileiro, a pesquisa ocorre em universidades, em parceria com entidades, como a Embrapa, o IAC e o Fundecitrus, “além de uma indústria de suco que trabalha na criação de uma variedade de laranja resistente através de uma empresa de biotecnologia por ela controlada”.

 

Cura? – O pesquisador Eduardo Stuchi calcula para médio prazo a cura do greening: “se os citricultores não ficarem atentos, sofrerão muito prejuízo”.

Ele elogia a atuação da fiscalização da Secretaria da Agricultura no cumprimento da determinação legal em cima das propriedades onde foram detectados focos da doença. Os fiscais vão lavrar multas a 50 citricultores desobedientes das recomendação de combate: “a erradicação é onerosa e impopular, mas é o único caminho por enquanto”.

 

Situação – Em visita a propriedades na Flórida, o pesquisador percebeu nos pomares sinais de estragos provocados por furações nos últimos anos: “as plantações estão em fase de recuperação”. Eduardo constatou fazendas com focos de cancro cítrico e outras em recuperação. Mas ele prefere não fazer uma estimativa sobre a capacidade de retomada do mercado por citricultores americanos: “percebo a intenção deles de permanecerem no setor, mas não posso prever os resultados”.

A recente crise do setor imobiliário americano trouxe um alívio aos citricultores americanos assediados para venderem suas propriedades para darem lugar a grandes condomínios fechados.

Com a restrição da visita a fazendas de grande porte, Eduardo Stuchi não pôde fazer comparação entre citricultores americanos e brasileiros, mas reforçou a determinação dos empresários norte-americanos de reagir às crises no setor: furações, geadas e as conseqüentes quedas de produção.

 

Relatório - Por solicitação dos americanos, os pesquisadores brasileiros irão se reunir em janeiro e fevereiro para a elaboração de um relatório sobre os resultados da visita: “vamos unir as análises de cada especialista”, explica Eduardo. As informações também serão disponibilizadas aos brasileiros no primeiro semestre de 2008.

 

Fonte: Gazeta de Bebedouro