Estamos numa verdadeira guerra para preservar um dos mais importantes e lucrativos setores da economia nacional

AL?M DAS barreiras tarif?rias e entraves interferentes nas leis de mercado, como os subs?dios europeus e norte-americanos, h? um s?rio obst?culo ? participa??o de um pa?s no agroneg?cio globalizado: as exig?ncias sanit?rias e fitossanit?rias.
O mais ?nfimo detalhe negativo pode ser evocado pelos importadores para embargar as vendas, e o processo de libera??o demanda meses, ?s vezes anos, e implica perda de divisas para a na??o e de faturamento para os empres?rios rurais.
A consci?ncia sobre a quest?o ? decisiva para uma economia, como a brasileira, de grande voca??o agropecu?ria. Assim, ? necess?ria vis?o estrat?gica e preventiva. Tal alerta aplica-se ? citricultura, um de nossos setores mais competitivos e de maior potencial de crescimento.
O Brasil det?m aproximadamente 40% da produ??o mundial de laranja e 59% do processamento de suco dessa fruta. S?o Paulo, o maior produtor do planeta, movimenta R$ 9 bilh?es por ano e mant?m 400 mil empregos diretos. O pa?s exporta US$ 2 bilh?es em suco de laranja, posicionando-se como "dono" de 80% do mercado internacional, cujo consumo cresce de 2% a 4% ao ano.
Pois bem, a import?ncia da atividade torna proporcionalmente grave a amea?a aos laranjais paulistas e brasileiros representada por feroz inimigo, que j? invade os pomares: o "greening", tamb?m conhecido como "huanglongbing" (HBL), doen?a de dif?cil controle, provavelmente origin?ria da China, que j? dizimou planta?es na ?sia e na ?frica.
O invasor ? uma bact?ria, chamada provisoriamente Candidatus liberibacter spp. Antes de sua identifica??o no Brasil, existiam duas formas, a Candidatus liberibacter africanus e a Candidatus liberibacter asiaticus. Sua evolu??o ? lenta, mas cont?nua e avassaladora.
Combater a doen?a, portanto, ? prioridade absoluta para preservar a citricultura e tudo o que ela representa em termos de gera??o de empregos, renda e divisas. A dimens?o do desafio permite pressupor que o ?xito na empreitada depende do amplo envolvimento do setor p?blico, federal e estadual, e da iniciativa privada.
O governo do Estado de S?o Paulo tem investido no combate ao mal. Est?o sendo contratados 356 t?cnicos concursados para a ?rea de defesa agropecu?ria e feitos investimentos em tecnologia da informa??o, para melhorar a qualidade das a?es e conferir mais intelig?ncia e efic?cia log?stica ? defesa sanit?ria.
O maior n?mero de agentes de defesa, incluindo engenheiros agr?nomos, contribuir? para ampliar a fiscaliza??o, nos moldes da instru??o normativa n? 32 do Minist?rio da Agricultura, Pecu?ria e Abastecimento, em especial nas regi?es de Araraquara e Araras, no interior paulista, nas quais h? maiores ind?cios de infec??o.
Por?m, ? fundamental que o citricultor se conscientize e realize as inspe?es nos pomares, conforme determina a referida norma. Isso ? necess?rio para que a erradica??o das plantas doentes seja feita rapidamente.
S?o essenciais, ainda, as seguintes medidas: realiza??o simult?nea das inspe?es, objetivando identificar plantas afetadas pelo "greening" e o cancro c?trico; e provid?ncias que facilitem a capta??o de recursos em entidades financiadoras pelos citricultores que precisem promover a erradica??o de plantas.
O governo paulista, al?m do reaparelhamento da Coordenadoria de Defesa Agropecu?ria, est? readequando a linha espec?fica no Fundo de Expans?o do Agroneg?cio (Feap) para financiar os citricultores na adequa??o de sua infra-estrutura e aquisi??o de mudas sadias. Al?m disso, desencadear? campanha educativa na m?dia para alertar os produtores sobre a gravidade da amea?a.
Outra a??o important?ssima no ?mbito do Feap ? a engenharia financeira criada com o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) para garantir a subven??o do pr?mio do seguro. Ou seja, o produtor que cumprir suas obriga?es ter? sua cultura assegurada e n?o correr? riscos de perder a safra.
Como ? poss?vel perceber, a luta a ser travada ? ?rdua, mas as possibilidades de vit?ria s?o amplas. Para tanto, ningu?m pode abdicar de suas responsabilidades. Governos da Uni?o e do Estado -acima de quest?es partid?rias- precisam fazer a sua parte. O mesmo aplica-se ao Fundecitrus, que congrega os produtores e cuja participa??o ? decisiva. ? fundamental, ainda, a mobiliza??o de cada citricultor, que deve agir para monitorar e erradicar as plantas doentes.
Estamos numa verdadeira guerra para preservar um dos mais importantes e lucrativos setores da economia nacional. Ningu?m tem direito ? omiss?o!

JO?O SAMPAIO , 42, economista, ? o secret?rio de Agricultura e Abastecimento do Estado de S?o Paulo.