25/09/2008 A libera??o de cr?dito rural no primeiro bimestre do ano-safra 2008/09 est? mais lenta do que o habitual. Mesmo com uma eleva??o de 2% no volume emprestado em rela??o ao ciclo anterior, o desembolso efetivo de dinheiro para a chamada agricultura empresarial apresentou uma queda de 9,8% neste in?cio do novo ano-safra. Na agricultura familiar, o recuo foi ainda mais acentuado: 11,8% na compara??o com o per?odo 2007/2008. Al?m disso, o volume emprestado at? agora caiu 2,5%.
O movimento, detectado em relat?rios do Banco Central e informado pelas principais institui?es financeiras ao governo, est? longe de ser explicado pela falta de demanda do setor. ?, ao contr?rio, um reflexo da cautela dos bancos com o setor rural, das dificuldades de encontrar fontes de financiamento para "cobrir" o recente pacote de renegocia??o de R$ 75 bilh?es em d?vidas rurais, al?m do atraso na publica??o de normas burocr?ticas do governo federal.
Influenciados pela baixa aplica??o dos recursos dos dep?sitos ? vista ("exigibilidades"), cuja defici?ncia chegou perto de R$ 1,5 bilh?o, os empr?stimos para custeio e comercializa??o da atual safra recuaram 3,3% em julho e agosto na compara??o com o ciclo anterior.
"Os bancos est?o reticentes com todo tipo de cr?dito. As tesourarias est?o segurando as pontas. Isso ? ruim porque estamos na boca da safra", resume o secret?rio de Pol?tica Agr?cola do Minist?rio da Agricultura, Ed?lson Guimar?es. "Tem gente de todo lado reclamando que n?o tem cr?dito, mas ainda est? dentro do esperado".
Se o ritmo de desembolso de cr?dito da safra anterior tivesse sido mantido no in?cio do atual ciclo, os produtores rurais poderiam ter contratado quase R$ 1,2 bilh?o em cr?ditos adicionais. A situa??o deste primeiro bimestre s? n?o foi pior porque o governo permitiu aos bancos aplicar agora as "sobras" do ano-safra anterior. Estima-se que at? R$ 2 bilh?es tenham entrado nessa conta.
O levantamento feito pelo Minist?rio da Agricultura mostra que os empr?stimos de julho e agosto para a agricultura empresarial recuaram de 15,7% para 14,3% do volume total programado para 2008/2009. Em dois meses, foram liberados R$ 9,26 bilh?es do or?amento total de R$ 65 bilh?es.
O ritmo de desembolsos para a agricultura familiar recuou de 7,6% para 6,8% na compara??o com 2007/2008. O volume financiado ao segmento encolheu de R$ 906 milh?es para R$ 883 milh?es no per?odo. No total, os produtores familiares t?m R$ 13 bilh?es dispon?veis em cr?dito.
A repercuss?o da crise financeira dos Estados Unidos no mercado brasileiro tende a complicar a oferta de cr?dito ao setor. "Se ficar nessa instabilidade at? novembro, a? pode complicar mesmo", diz Ed?lson Guimar?es. E os bancos come?aram a rever suas estrat?gias para a concess?o de cr?dito, segundo fontes do setor. Em Mato Grosso, por exemplo, a Associa??o dos Produtores de Soja (Aprosoja) estima queda de 11% para 8% na oferta de dinheiro pelos bancos, diz estudo da consultoria Agroconsult. Isso ocorre mesmo com um salto de 53%, para R$ 8,3 bilh?es, na demanda por cr?dito para plantar a nova safra de soja no Estado.
Mesmo com as dificuldades para obten??o de cr?dito novo para a safra, os programas de investimento, administrados ou n?o pelo BNDES, mostram um ?nimo renovado do produtor em correr riscos. O levantamento sobre cr?dito aponta aumento de 47% no desembolso de cr?dito para investimentos no campo. Dos R$ 10 bilh?es dispon?veis, j? foram emprestados R$ 1,38 bilh?o ao setor, quase 14% do total programado.
Fonte: Valor Econ?mico (Mauro Zanata)
