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Agricultores, abram os olhos: não se dediquem apenas à etapa POBRE do agronegócio.

01/10/2008

 

Durante anos e d?cadas os produtores rurais est?o assistindo, com passividade, fatalismo e at? resigna??o, ? reitera??o das seguintes distor?es que ocorrem nas cadeias agroalimentares:

---sobem os pre?os dos insumos agr?colas e, conseq?entemente, os custos de produ??o das suas culturas, mas os pre?os que os agricultores recebem pela venda das suas colheitas n?o aumentam na mesma propor??o; algo similar ocorre na produ??o pecu?ria

---quando as suas colheitas s?o abundantes, baixam os pre?os que os agricultores recebem pelos seus produtos, por?m tal redu??o n?o necessariamente determina uma diminui??o nos pre?os  que os consumidores finais  pagam nos supermercados

---os pre?os dos fertilizantes e pesticidas aumentam supostamente, porque subiu o pre?o do petr?leo e o valor do d?lar, mas quando estes dois ?ltimos voltam aos seus n?veis normais, os pre?os dos mencionados insumos agr?colas n?o diminuem

---baixam os pre?os que os intermedi?rios lhes pagam pelo trigo, pela soja, pelo leite, pelo su?no vivo, mas eles nunca viram que os supermercados tenham baixado os pre?os  da farinha de trigo e do p?o, do azeite e da margarina, do queijo e do yogurt ou do presunto e das salsichas. Algu?m est? se apropriando destes lucros e esse algu?m nunca ? o produtor rural.

Como conseq??ncia destas desfavor?veis  rela?es de interc?mbio, os agricultores se v?em obrigados a entregar uma crescente quantidade das suas colheitas,  para poder adquirir uma mesma quantidade de insumos e de servi?os. Nestas condi?es o poder de compra das suas "commodities" ? cada vez menor. Aqu? reside uma important?ssima causa  do empobrecimento dos produtores rurais, que ? necess?rio corrigir e que, felizmente, eles mesmos podem faz?-lo.

                Os agricultores est?o se defendendo, mas ainda lhes falta fazer..........o mais importante

Para compensar a "eros?o" da sua renda, causada por esta expropria??o dos seus lucros, os agricultores est?o aumentando a escala de produ??o, incrementando os rendimentos por unidade de terra e de animal e reduzindo os custos por quilo produzido. Isto significa que est?o adotando v?rias medidas que deveriam incrementar a sua renda. No entanto, o premio por esta maior efici?ncia, em  vez de beneficiar a quem realmente o merece (os produtores rurais), ? absorvido pelos crescentes elos das cadeias agroalimentares. Isto acontece porque, desde que os insumos saem das f?bricas, at? que os alimentos cheguem ?s prateleiras dos supermercados, existem cada vez mais e mais intermedi?rios: fabricantes de novos insumos, prestadores de novos servi?os, processadores de mat?rias primas agr?colas, consultores de mercado e agentes de comercializa??o, empresas de publicidade, etc. Quase todos estes integrantes das cadeias agroalimentares, vivem das riquezas produzidas pelos agricultores. Como existem cada vez mais agentes intermedi?rios "chupando" o sangue do produtor rural ? evidente que ele fica economicamente cada vez mais "an?mico".

Lamentavelmente, esta crescente expropria??o j? ? t?o familiar aos agricultores em suas rela?es de interc?mbio, que eles pensam que est?o condenados a conviver com ela e que n?o podem fazer nada  para elimin?-la. Nem sequer se d?o conta que ? exatamente este processo expropriat?rio a principal causa da falta de rentabilidade e do generalizado endividamento dos produtores rurais. Eles j? ca?ram numa esp?cie de conformismo fatalista. As poucas vezes que protestam ? para mendigar, sem ?xito, que os comerciantes e industriais lhes ofere?am melhores pre?os, ou para reivindicar, tamb?m sem ?xito, que os governos suavizem o seu empobrecimento concedendo-lhes cr?ditos subsidiados, refinanciando e  finalmente perdoando as suas d?vidas.

E por que acontece tudo isto? Entre outras raz?es, porque os produtores rurais se encarregam apenas da etapa pobre e mais arriscada do agroneg?cio ( produ??o ) e delegam a terceiros a etapa rica (processamento e comercializa??o). Isto ?, presenteiam ao setor agroindustrial, comercial e de servi?os, a nata do agroneg?cio. Eles o fazem sem perceber que, antes do plantio, durante o ciclo produtivo e depois da colheita, existe uma excessiva e crescente quantidade de institui?es e pessoas que lhes proporcionam servi?os e produtos, alguns necess?rios e outros simplesmente prescind?veis ou substitu?veis. Tamb?m n?o se d?o conta  de que alguns desses servi?os e produtos que s?o realmente necess?rios, poderiam ser produzidos e/ou executados por eles mesmos, seja em forma individual ou grupal. Infelizmente os agricultores n?o o fazem, porque pensam que n?o s?o capazes de assumir como sua a execu??o de algumas das atividades da etapa rica do agroneg?cio. Se o fizessem se apropriariam de um percentual mais elevado e mais justo do pre?o final que os consumidores pagam pelos alimentos.

Um eficiente produtor de aves, su?nos e leite deve ser, em primeir?ssimo lugar, um muito eficiente produtor  (n?o comprador) de forragens/alimentos para seus animais

O exemplo mais evidente desta excessiva e desnecess?ria depend?ncia que os agricultores t?m  dos agroindustriais e comerciantes, ? o caso das ra?es balanceadas. Na pecu?ria leiteira, em boa medida, tais ra?es poderiam ser suprimidas se os produtores de leite soubessem como cultivar pastagens de alto rendimento, se soubessem "colh?-las" racionalmente atrav?s de um correto pastoreio rotativo e se soubessem armazenar os excedentes para utiliz?-los nos per?odos de escassez. Muitos produtores rurais, al?m de dedicar-se ? avicultura, ? suinocultura e ? pecu?ria de leite produzem, ou poderiam produzir, nas suas pr?prias terras ou em terras arrendadas, quase todos os ingredientes que coincidentemente as grandes empresas industriais utilizam na fabrica??o das ra?es (milho, sorgo, soja, alfafa, leucaena, gliricidia, mandioca, batata-doce, gr?os de girassol e algod?o, ram?, etc.). Infelizmente, em vez de produzir/fabricar eles mesmos as suas pr?prias ra?es, vendem estas mat?rias primas ao primeiro intermedi?rio que aparece em suas propriedades, o qual, posteriormente, as vende para a  ind?stria fabricante de ra?es. Esta ind?stria depois de processar as mat?rias primas, agregar-lhes os componentes do n?cleo vitam?nico-mineral e de empacot?-las em atrativas embalagens, as vende a um segundo intermedi?rio que as transporta de volta, muitas vezes ao mesmo munic?pio do qual sa?ram tais commodities. Ao retornar ao munic?pio de origem, um terceiro intermedi?rio vende as ra?es, em muitos casos, aos mesmos agricultores que produziram os ingredientes com os quais foram fabricadas as ra?es que agora regressam ?s suas propriedades de origem. Esta distor??o ? simplesmente inaceit?vel e ? "corrig?vel/elimin?vel" pelos pr?prios produtores rurais.

                            Os agricultores est?o pagando os alt?ssimos custos  dos "passeios" das colheitas que vendem e das ra?es que compram

? quase redundante afirmar que neste longo trajeto, de ida e de volta, que em muitos casos ? de centenas e at? de milhares de quil?metros, de fato s?o os produtores rurais que est?o pagando os fretes e ped?gios, os impostos em cada uma das v?rias transa?es, os ganhos de todos estes intermedi?rios, agroindustriais e comerciantes, a cara publicidade que os fabricantes de ra?es difundem atrav?s dos meios de comunica??o e os generosos sal?rios dos executivos das transnacionais que fabricam as ra?es. Em boa medida, estas despesas simplesmente poderiam ser  evitadas/eliminadas, pois mais de  90% dos ingredientes das ra?es, nem sequer necessitariam sair das porteiras das propriedades  nas quais foram produzidos. Tais ingredientes poderiam ir dos campos de colheita diretamente aos avi?rios, ?s pocilgas e aos est?bulos, pertencentes aos mesmos agricultores que produziram  estas mat?rias primas. Se adicionalmente considerarmos que o componente alimenta??o reponde por 80% do custo de produ??o na avicultura e na suinocultura  e por 50% pecu?ria leiteira, fica muito claro o "porque" da falta de rentabilidade nestes tr?s ramos da produ??o animal; o que n?o ganha cada produtor rural, ganham algumas dezenas de n?o produtores rurais. Reitero, esta irracionalidade deve e pode ser extirpada dos procedimentos dos agricultores.

Ent?o, qual ? a solu??o para diminuir esta "sangria"? Reduzir a depend?ncia que os agricultores t?m dos outros integrantes das cadeias; ou quando isto n?o for poss?vel, torn?-los menos vulner?veis ? excessiva expropria??o dos mencionados elos. Como faz?-lo?  Organizando-se com prop?sitos empresariais de modo que eles mesmos, assumam de forma gradual, a execu??o de algumas atividades da etapa rica do agroneg?cio. Ali?s ? o que j? est?o fazendo com muito ?xito, v?rias cooperativas especialmente no sul do Brasil; s?o cooperativas agr?colas que est?o se transformando em cooperativas agroindustriais. Inclusive os agricultores que n?o pertencem a nenhuma cooperativa,  poderiam organizar-se em pequenos grupos para produzir, eles mesmos, alguns insumos ou pelo menos adquiri-los de forma grupal. Estes grupos de agricultores poderiam constituir seus pr?prios  servi?os ( de vacina??o e insemina??o artificial, de plantio, pulveriza??o e colheita, de assist?ncia agron?mica e veterin?ria, etc.). Tamb?m poderiam realizar em conjunto os investimentos de maior custo, efetuar a pr?-industrializa??o/processamento inicial e comercializar os seus excedentes  com menor intermedia??o, etc. A prop?sito, sugere-se ler o livro  "Desenvolvimento agropecu?rio: da depend?ncia ao protagonismo do agricultor"  que est? dispon?vel na nova P?gina Web  http://www.polanlacki.com.br/agrobr

(especialmente os cap?tulos 5 e 11 ).  L? est?o descritas v?rias medidas, de f?cil ado??o e baixo custo, por?m altamente eficazes, para incrementar a renda dos agricultores.

E para concluir:

1. Uma reflex?o em forma de pergunta: Por que nenhum fabricante de insumos, comprador de commodities agr?colas, agroindustrial ou intermedi?rio, se dedica ? etapa de produ??o agr?cola e pecu?ria propriamente dita? A resposta ? ?bvia e elementar: porque ? muito mais rent?vel, mais c?modo y menos arriscado dedicar-se ? etapa rica do agroneg?cio; todos os integrantes das cadeias agroalimentares j? se convenceram desta verdade,  menos os agricultores 

2. Uma advert?ncia: Embora seja importante, n?o ? suficiente que os produtores rurais se integrem ?s cadeias agroalimentares. Eles devem ter como objetivos de curto, m?dio e/ou longo prazo, o prop?sito de tornarem-se os "donos" de alguns dos elos das referidas cadeias, como por exemplo: fabricar as suas pr?prias ra?es, comprar insumos, comercializar as colheitas em conjunto, incorporar-lhes valor e at? exportar em conjunto.

3. Uma sugest?o aos produtores rurais que se dedicam apenas ? etapa pobre do agroneg?cio e que executam todas as suas atividades em forma individual (comprar insumos, fazer investimentos de alto custo e comercializar os seus excedentes): abram os olhos antes que seja muito tarde. Cr?ticas e contribui?es ao artigo ser?o bem-vindas atrav?s dos E-Mails:  Polan.Lacki@uol.com.br  e  Polan.Lacki@onda.com.br 

 

 


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