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Culpe os economistas, no a economia

16/03/2009

Foram os economistas os que popularizaram a ideia de que um setor financeiro sem amarras representava um benef?cio para a sociedade

? medida que o mundo ruma atabalhoadamente para a beira de um precip?cio, cr?ticos do of?cio da economia v?m levantando questionamentos sobre a sua cumplicidade na crise atual. E com raz?o: os economistas t?m muito pelo que responder.

A respeito da re-regulamenta??o das finan?as, h? um grande n?mero de boas ideias, mas pouca converg?ncia. Do quase consenso em torno das virtudes do modelo centrado em finan?as do mundo, o of?cio da economia passou para uma quase total aus?ncia de consenso sobre o que deve ser feito.

Assim sendo, ser? que a economia est? precisando de uma grande sacudida? Devemos deitar fogo nas nossas cartilhas atuais e reescrev?-las do zero?

Na verdade, n?o. Sem recorrer ? caixa de ferramentas do economista, sequer poderemos come?ar a entender a crise atual.

Por que, por exemplo, a decis?o da China, de acumular divisas estrangeiras, levou uma institui??o de cr?dito imobili?rio em Ohio a assumir riscos excessivos? Se a sua resposta n?o usar elementos de economia comportamental, teoria da ag?ncia, economia da informa??o e economia internacional, entre outros, provavelmente continuar? seriamente incompleta.

A falta n?o reside no campo da economia, mas no campo dos economistas. O problema ? que os economistas (e os que lhes d?o ouvidos) ficaram excessivamente confiantes nos seus modelos preferidos do momento: os mercados s?o eficientes, a inova??o financeira transfere risco aos melhor capacitados para arc?-lo, a auto-regulamenta??o funciona melhor e a interven??o do governo ? ineficaz e prejudicial.

Eles esqueceram que havia muitos outros modelos que levavam a dire?es radicalmente diferentes. O orgulho arrogante gera pontos cegos. Se algo necessita de reparo, ? a sociologia da profiss?o. As cartilhas - pelo menos as usadas nos cursos avan?ados - s?o ?timas.

N?o-economistas tendem a enxergar a economia como uma disciplina que venera mercados e um conceito estreito de efici?ncia (de aloca??o). Se o ?nico curso de economia que voc? frequenta ? o t?pico giro introdut?rio, ou se voc? for um jornalista pedindo que um jornalista d? uma r?pida opini?o sobre um tema de pol?tica p?blica, ? o que realmente vai encontrar. Mas pegue mais alguns cursos de economia, ou consuma mais tempo em salas de semin?rios avan?ados, e receber? um quadro diferente.

A macroeconomia pode ser o ?nico campo aplicado na disciplina de economia no qual mais treinamento aumenta a dist?ncia entre o especialista e o mundo real, devido ? sua depend?ncia de modelos altamente irreais, que sacrificam a relev?ncia em favor do rigor t?cnico. Lamentavelmente, em vista das necessidades atuais, os macroeconomistas fizeram pouco progresso em planos de a??o desde que John Maynard Keynes explicou como as economias podem ficar atoladas no desemprego devido ? demanda agregada insuficiente. Alguns, como Brad DeLong e Paul Krugman, dir?o que o campo j? regrediu.

A ci?ncia econ?mica ? na verdade um conjunto de ferramentas com m?ltiplos modelos - cada qual uma apresenta??o diferente e estilizada de algum aspecto da realidade. A habilidade de um economista depende da sua capacidade de escolher cuidadosamente o modelo apropriado para a situa??o.

A fertilidade dos economistas n?o se refletiu no debate p?blico porque os economistas tomaram demasiada liberdade. Em vez de apresentar menus de op?es e relacionar as vantagens e desvantagens relevantes - a raz?o de ser da Economia - muitas vezes os economistas preferiram transmitir suas pr?prias prefer?ncias pol?ticas e sociais. Em vez de serem analistas, eles t?m sido ide?logos, preferindo um conjunto de ordenamentos sociais em detrimento de outros.

Paradoxalmente, portanto, a desordem reinante na profiss?o representa, talvez, um reflexo melhor do verdadeiro valor agregado da profiss?o face ao seu enganoso consenso anterior. A economia pode, na melhor das hip?teses, tornar claras as op?es para os formuladores de pol?ticas; ela n?o pode fazer essas escolhas para eles.

Quando os economistas discordam, o mundo fica exposto a leg?timas diferen?as de opini?o sobre como a economia funciona. ? no momento em que eles concordam tanto que o p?blico deve tomar cuidado.

Dani Rodrik ? professor de economia pol?tica na Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade Harvard e foi o primeiro a receber o Pr?mio Albert O. Hirschman do Conselho de Pesquisa de Ci?ncias Sociais ? Project Syndicate/Europe?s World, 2009. www.project-syndicate.org


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