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Agricultura em tempos de crise

11/04/2009
 A crise parece ignorar os pacotes bilion?rios anunciados mundo afora pelos governantes. Enquanto as bolsas flutuam ao sabor das not?cias de cada dia, as estat?sticas mostram assustadora progress?o do n?vel de desemprego, forte retra??o da produ??o industrial, quedas nas vendas de ve?culos e do pr?prio com?rcio mundial. O mundo, que at? outro dia era plano, na imagem de Thomas Friedman sobre a nova economia, est? agora encolhendo como sempre aconteceu na velha e boa economia de mercado. A extens?o da crise ao agroneg?cio brasileiro colocaria lenha em uma fogueira que pode assar mais do que as batatas doces e milhos verdes das festas juninas. Neste contexto, cabe uma reflex?o sobre os poss?veis impactos da crise, assim como sobre a pol?tica para os tempos de crise.

Quando se projeta o futuro mais long?nquo o cen?rio ? promissor: a demanda por alimentos continuar? crescendo junto com a popula??o mundial e o Brasil disp?e de terras e base tecnol?gica para atender a essa demanda. O problema ? que entre este futuro promissor e o presente interp?em-se o curto e m?dio prazos, cheios de incertezas e pelo menos algumas dificuldades colocadas pela crise atual.

Nenhum cen?rio imediato ? favor?vel. Embora o agroneg?cio brasileiro seja um global trader, a economia de muitos pa?ses importadores est? sendo duramente abalada pela crise e os pre?os das commodities agr?colas - inflados no passado recente pelo forte crescimento e pela especula??o - est?o em queda e dever?o permanecer abaixo dos n?veis pr?-crise por algum tempo. A concorr?ncia internacional dever? se acirrar, em particular nos segmentos nos quais os pa?ses desenvolvidos s?o grandes produtores e exportadores.

A crise acentua todas as conhecidas defici?ncias estruturais do setor e o gap entre demandas dos produtores e propostas do governo ? grande. A quest?o ? saber se o agroneg?cio brasileiro, que tem ineg?veis vantagens no longo prazo, est? em condi?es de enfrentar este cen?rio negativo imediato. A desvaloriza??o do real ajuda a compensar a queda de pre?os, mas n?o sustenta a competitividade de nenhum segmento em uma economia aberta.

Uma pol?tica agr?cola anticrise deveria levar em conta que a crise tem um lado destruidor e purgativo, como dizia Marx, mas que tamb?m gera oportunidades para a emerg?ncia do novo, para a recria??o do velho em bases mais saud?veis, para o conserto de erros e a corre??o de rumos. Uma pol?tica anticrise s? funcionar? como ponte entre o presente e o futuro promissor se for capaz de proteger os ativos constru?dos no passado e que s?o estrat?gicos para conquistar o futuro. No leg?timo jogo das press?es que definem as pol?ticas, corre-se sempre o risco de preservar o velho e dispens?vel, sem evitar os piores efeitos da crise e nem lan?ar as bases para o futuro, e por isto ? preciso focar nos ativos estrat?gicos que assegurem a sobreviv?ncia imediata e as condi?es de competitividade no per?odo p?s-crise.

O principal ativo do agroneg?cio brasileiro, base da competitividade revelada ao longo da ?ltima d?cada na qual o pa?s assumiu posi??o de lideran?a mundial, foi a constru??o de cadeias produtivas complexas, com ramifica?es que come?am na produ??o de commodities e se estendem ? gera??o de tecnologia, redes privadas de financiamento e log?stica, industrializa??o, inova??o de produtos e comercializa??o final. Algumas s?o mais coordenadas e integradas, como a da avicultura, suinocultura, tabaco, suco de laranja ou sucroalcooleiro; outras menos articuladas, como a do caf?, fruticultura irrigada, floricultura, carne bovina, cacau e gr?os, mas ainda assim a for?a e/ou debilidade do vendedor final se assenta em todos os demais elos.

Embora todas compartilhem problemas comuns, a rigor n?o se pode falar de uma agricultura, ou de um agroneg?cio. S?o v?rios, com din?micas pr?prias, problemas espec?ficos e dimens?es regionais bem marcadas. Portanto, o que est? em jogo ? a preserva??o da competitividade das cadeias e clusters produtivas do agroneg?cio, que se assenta em pesados investimentos feitos no passado - em infraestrutura f?sica, m?quinas, know-how da produ??o e do mercado, log?stica, capacidade de gest?o, institui?es - e se traduz em market shares duramente conquistados, apesar das conhecidas inefici?ncias sist?micas e do Custo Brasil elevado.

A crise pode debilitar, ou mesmo destruir, cadeias que demandam tempo para amadurecer. A inser??o em novos e promissores mercados, como o de frutas e flores, ainda incipiente, ? um exemplo. A perda dos canais de comercializa??o nos EUA e na UE acarretaria custos elevados. A desestabiliza??o da cadeia da carne, caso n?o se contenha a crise financeira dos frigor?ficos, n?o se resolve com a ocupa??o do espa?o pelos sobreviventes, pois isto aumentaria ainda mais a inseguran?a para os produtores derivada da j? acentuada assimetria de poder de mercado.

O Brasil tem hoje uma das mais completas e sofisticadas pol?ticas agr?colas dentre os pa?ses de renda m?dia, que atua no plano do setor e n?o na articula??o e coordena??o das cadeias, considerados esferas de regula??o privada. ? um equ?voco. Sem voltar ao IBC ou IAA do passado, ? preciso identificar gargalos, fragilidades e potencialidades em cada cadeia, e atuar politicamente para super?-los e fortalec?-los. Como se faz na ind?stria. Os recursos para assegurar liquidez presente deveriam ser canalizados para finalidades estrat?gicas, como por exemplo, a erradica??o de cafezais decadentes e de baixa qualidade, a recupera??o de pastos degradados e a melhoria gen?tica do rebanho - ambos redutores da press?o ambiental -, que fortaleceriam essas cadeias para competir na crise e na p?s-crise.

Sem o fortalecimento dos mecanismos de financiamento e estabiliza??o da renda da atual pol?tica, e sem focar nas cadeias, ? muito prov?vel que o agroneg?cio brasileiro contribua para agravar a crise e n?o para alivi?-la, como ocorreu no passado.

Fonte: Valor Econ?mico


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