Fonte: Folha de S. Paulo - Caderno de Economia

Minist?rio P?blico do Estado recebe informa?es sobre agricultores que tentaram, sem sucesso, trocar o destino da entrega da safra.

"A compra da laranja pela ind?stria de suco ? feita da seguinte forma: eles dizem "vamos pagar R$ 6 por caixa, s? que n?o para todos eles; vamos ver se algum de n?s consegue comprar por R$ 5 e, na pr?xima compra, pagar R$ 7, para que a m?dia fique em R$ 6". Isto ?, h? uma combina??o de pre?os entre eles para que, no final, o pre?o da caixa de laranja seja um s?. ? isso o que ocorre", diz Oscar M?ller, produtor h? 30 anos na regi?o de Pirassununga (SP), que tem contrato com a Cutrale para entrega da fruta.
M?ller diz ainda que est? impedido de vender a fruta para outra ind?stria. "Se eu fico descontente com o pre?o pago pela Cutrale e procuro a Citrovita, por exemplo, com certeza a Citrovita oferece pre?o menor ainda do que o da Cutrale, pois j? sabe que sou fornecedor da Cutrale. At? posso vender, mas com preju?zo", diz. A situa??o de M?ller ? a mesma, segundo ele, que a de um grupo de 20 citricultores da regi?o.
C.A., produtor de laranja da mesma regi?o, fornecedor da Citrovita, afirma que as ind?strias "combinam pre?os e pagam o que desejam para o produtor". "No ano passado, a Citrovita pagou R$ 9 por caixa de laranja, s? que o meu custo m?nimo ficou entre R$ 14 e R$ 16 por caixa. Continuo operando porque consegui vender o excedente da fruta para o mercado spot [? vista]. Quando o pre?o da laranja no mercado spot estava mais alto do que o pago pelos fabricantes de suco, algumas ind?strias chegaram a ir com a pol?cia em fazendas para tirar laranjas dos pomares", diz C.A., que prefere n?o se identificar para n?o sofrer retalia??o.
Segundo ele, a situa??o ? pior para o produtor que tem contrato com cl?usula que cita que toda fruta produzida em determinada propriedade tem de ser entregue a tal ind?stria.
"O meu contrato n?o tem essa cl?usula. Por isso tenho a op??o de vender a produ??o excedente para os chamados "boqueiros", que fazem a intermedia??o do neg?cio entre a ind?stria e o produtor", diz.
Em representa??o feita ao Minist?rio P?blico do Estado de S?o Paulo s?o citados outros casos de produtores de laranja que tentaram, sem sucesso, trocar a ind?stria para entrega da safra de laranja.
Mauro Sandoval Silveira, produtor nas regi?es de Limeira (SP) e Franca (SP), est? sem contrato porque contestou o pre?o pago pela fruta pelas ind?strias de suco.
"De 1972 a 2007, fornecemos laranja para a Citrosuco. Quando comecei a participar do processo para combater o cartel, sofri retalia??o. No ano passado, vendi para a Dreyfus porque houve um per?odo de disputa pela laranja. Neste ano, n?o sei se vou fornecer. Tenho procurado as ind?strias. Talvez eles j? tenham feito algum acerto", afirma Silveira, que produz 150 mil caixas de laranja por ano.
Segundo ele, "os ind?cios de pr?tica de cartel pelos fabricantes de suco s?o fortes. Soubemos que, neste ano, eles v?o pagar entre R$ 7 e R$ 8 por caixa, valores bem abaixo do nosso custo, que est? entre R$ 13 e R$ 14 por caixa". (FF)

 Frases

"Se eu fico descontente com o pre?o pago pela Cutrale e procuro a Citrovita, por exemplo, com certeza a Citrovita oferece pre?o menor ainda"
OSCAR M?LLER - citricultor na regi?o de Pirassununga

"Quando comecei a participar do processo para combater o cartel, sofri retalia??o. No ano passado, vendi para a Dreyfus porque houve um per?odo de disputa pela laranja. Neste ano, n?o sei se vou fornecer. Tenho procurado as ind?strias. Talvez eles j? tenham feito algum acerto"
MAURO SANDOVAL SILVEIRA -  produtor nas regi?es de Limeira e Franca

Leonardo Wen/Folha Imagem

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