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A Frmula Sagrada da Coca-Cola

29/06/2009

Extra?do na ?ntegra de "Por Deus, Pela P?tria e Pela Coca-Cola", de Mark Pendergrast. Ap?ncice p?g 379-383. Editora Ediouro, 1993. O livro "coincidentemente" sumiu das livrarias e sebos do pa?s.

QUANDO RESOLVI escrever uma hist?ria geral da Coca-Cola, n?o tinha id?ia de que descobriria a f?rmula original, e ainda menos no ventre da pr?pria companhia. Afinal de contas, tratava-se do segredo mais bem guardado do mundo, um segredo que a companhia se recusara a revelar a despeito de duas ordens judiciais. Em 1977, a companhia preferiu deixar a ?ndia a entregar a f?rmula secreta a um insistente governo. Ainda assim, parece que consegui o imposs?vel. Certo dia, Phil Mooney, o arquivista, trouxe-me uma pasta com pap?is amarelados e dilacerados, que haviam sido cuidadosamente restaurados e postos entre l?minas de pl?stico. Explicou-me que eles constitu?am os restos do livro de f?rmulas de John Pemberton, doados ? companhia na d?cada de 1940.

Eu j? conhecia a hist?ria desse livro. Quando rapaz, John P. Tumer viajara de sua cidade natal, Columbus, Ge?rgia, para trabalhar como aprendiz de John Pemberton nos ?ltimos anos de vida deste ?ltimo. Ap?s a morte de Pemberton, Tumer levou o livro em sua volta para Columbus, onde trabalhou como farmac?utico durante muitos anos. Em 1943, o filho de Tumcr mostrou o livro a um membro da diretoria da Coca-Cola, abrindo-o na p?gina que continha a f?rmula. O diretor em causa convenceu o herdeiro de Tumer a entregar-lhe o livro. ''Deus do C?u!" exclamou Harrison, o presidente da diretoria, ao ver a f?rmula. ''Onde foi que voc? conseguiu isso?" E essa foi a ?ltima vez em que algu?m botou os olhos na f?rmula.

A pasta que recebi dos arquivos da Coca-Cola dizia que este era "o livro de descri?es e f?rmulas pertencentes ao Dr. I. S. Pemberton, ao tempo em que era farmac?utico em Columbus", mas isso quase com certeza ? incorreto, uma vez que uma das receitas, para uma cola de aipo, inclui pelo nome a Coca-Cola como ingrediente, o que a coloca sem d?vida nenhuma em 1888, uma vez que era a bebida em que Pemberton trabalhava quando de sua morte. O cora??o batendo em disparada, folheei com todo cuidado as p?ginas preservadas, embora, claro, pensasse que a companhia escondera um item crucial em algum lugar. Por isso mesmo, fiquei at?nito ao descobrir o que parecia ser uma receita de Coca-Cola, sem nome, exceto por um ''X" no alto da p?gina:

  • Citrato de Cafe?na 1 on?a (28,350g)
  • Ext. de Baunilha 1 on?a
  • Saborizante 2 112 on?as
  • F.E. Coco 4 on?as
  • ?cido c?trico 3 on?as
  • Suco de Lima 1 quarto
  • A?car 30 libras-peso
  • ?gua 2 1/2 gal?es (3,785 litros)
  • Caramelo o suficiente
  • Misture o ?cido de Cafe?na e Suco de Lima em 1 quarto de ?gua fervente e acrescente baunilha e saborizante quando frio.
Saborizante:
  • ?leo de Laranja 80
  • ?leo de Lim?o 120
  • ?leo de Noz-Moscada 40
  • ?leo de Canela 40
  • ?leo de Coentro 20
  • Nerol 40
  • ?lcool 1 Quarto
  • deixe descansar 24h
A se??o 'saborizante" ? obviamente a parte 7X da f?rmula, embora haja apenas seis ingredientes (a menos que se conte o ?lcool como o s?timo). Talvez ele tenha adicionado mais tarde baunilha ? se??o saborizante como s?timo ingrediente. 'F.E. Coco' significa fluid extract of coca (extrato fluido de coca), e nozes de cola n?o s?o mencionadas, mas apenas 'Citrato de Cafe?na". Pemberton, quase com certeza, recebia a cafe?na da Merck, de Darmstadt, Alemanha, porque elogiava essa firma como produtora de uma forma superior de estimulante, extra?do de nozes de cola.

Tirei fotoc?pia do documento, mas simplesmente n?o consegui acreditar que algu?m na companhia me entregasse a f?rmula original. Com certeza, devia ser apenas uma precursora do produto aut?ntico. Mas em seguida tive confirma??o inesperada de que descobrira, por acaso, algo muito mais valioso do que pensava. Ao entrevistar Mladin Zarubica, o Observador T?cnico que produzira a "Coke branca'' para o general Zhukov, disse-lhe que tinha a f?rmula. '; Oh, tem mesmo?" disse ele. '''Eu tamb?m. A companhia me deu uma c?pia quando tive que tirar a cor para Zhukov. Quer v?-Ia?" Eu queria, realmente. Ao chegar a fotoc?pia de sua correspond?ncia, datada de 4 de janeiro de 1947, ela continha exatamente a mesma f?rmula que eu encontrara nos arquivos - mesmos volumes, mesmo formato, at? mesmo o erro de grafia em 'F.E. Coco.' Notei uma ?nica diferen?a: a f?rmula de Zarubica era incompleta, deixando de fora os dois ingredientes finais da 7X d (coentro e nerol). Parecia que a companhia n?o quisera liberar a f?rmula completa e tomara a precau??o de alter?-la dessa maneira.

Fiquei estarrecido. Eu n?o s? entrara de posse da f?rmula original de Pemberton, guardada nas entranhas da pr?pria companhia, mas ela aparentemente sobrevivera sem mudan?a durante pelo menos 60 anos, ap?s o inventor a ter escrito naquele papel ora restaurado. Mas isso era um aut?ntico mist?rio. Contradizia a declara??o de Howard Candlcr de que seu pai, Asa, mudara substancialmente a maneira de fabrica??o da Coca-Cola. E por que a f?rmula de Zaiubica n?o mencionava folha descocainizada de coca ou o fato de a companhia n?o usar mais ?cido c?trico, mas fosf?rico? Ou que o volume de cafe?na fora reduzido? E essas n?o eram as ?nicas mudan?as introduzidas na f?rmula. O velho Asa aparentemente andara tamb?m mexendo na 7X Ao longo dos anos, mudara tamb?m o volume e tipo do ado?ante.

Parece que mesmo quando os ingredientes e propor?es originais s?o revelados, persiste a m?stica em torno da f?rmula. Minha conclus?o final: a companhia, na verdade, n?o deu a Mladin Zarubica, em 1947, a f?rmula em uso corrente - e nem mesmo tinha vers?o parcial da mesma. Em vez disso, Zarubica recebeu uma vers?o truncada da f?rmula original, o suficiente para que seu qu?mico descobrisse como tornar branca a Coke marrom. Permanece o mist?rio de por que a companhia me entregou a f?rmula existente em seus pr?prios arquivos. S? posso supor que havia outra receita da Coca-Cola claramente rotulada no livro de Tumer, que foi escondida, mas ningu?m examinou com aten??o o resto da f?rmula, e a variedade ?X' passou despercebida.

Em seu livro de 1983, Big Secrets, Williain Poundstone d? sua vers?o da f?rmula, e que ? um palpite razoavelmente acurado da mistura corrente. Em um gal?o entram:

  • A?car: 2.400g em ?gua suficiente para dissolver:
    • Caramelo: 37g
    • Cafe?na: 3,lg
    • ?cido Fosf?rico: 11g
    • Folha descocainizada de coca: 1,1g
    • Nozes de cola: 0,37g
Embeba a folha de coca e nozes de cola em 22g de ?lcool a 20%, coe e acrescente l?quido ao xarope.
  • Suco de lima: 30g
  • Glicerina: 19g
  • Extrato de baunilha: 1,Sg
Saborizante 7X:
  • ?leo de laranja: 0,47g
  • ?leo de lim?o: 0,88g
  • ?leo de noz-moscada: 0,07g
  • ?leo de canela (canela chinesa): 0,20g
  • ?leo de coentro: tra?os
  • Nerol: tra?os
  • ?leo de lima: 0,27g


Misture em 4,9g de ?lcool a 95%, adicione 2,7g de ?gua, deixe descansar por 24 horas a 60 graus F.[162C]. Uma camada turva se separar?. Retire a parte clara do l?quido e acrescente ao xarope.

Acrescente ?gua suficiente para fazer 1 gal?o de xarope. Misture uma on?a de xarope com ?gua gaseificada para obter um copo de 6,5 on?as.

Poundstone e v?rias outras fontes alegam que o ?leo de alfazema pode tamb?m fazer parte da f?rmula, e uma jovem especialista do departamento t?cnico, com quem andei certa vez num elevador, concordou comigo. Ela acabara de voltar de Grasse, onde durante s?culos especialistas franceses extra?ram v?rias ess?ncias de ?leo - incluindo nerol (tirado de uma variedade de flores de laranjeira) e alfazema.

Embora a f?rmula contida no Big Secrets possa aproximar-se muito, ela n?o confere com o depoimento feito sob juramento pelo Dr. Anton Amon, qu?mico da Coca-Cola, em um recente caso judicial. Segundo ele, s?o necess?rias 13,2 gramas de ?cido fosf?rico para fazer um gal?o de xarope, e n?o 11, e 1,86 grama de extrato de baunilha, e n?o 1,5g. Disse Anton que a companhia acrescenta 91,99 gramas de "um caramelo comercial de estabilidade forte", ou muito mais do que as 37 gramas de Poundstone. N?o obstante, os ingredientes da f?rmula s?o provavelmente exatos.

A come?ar com Asa Candler, ningu?m na companhia se referia aos ingredientes pelo nome. Em vez disso, o a?car era a Mercadoria #1; caramelo, Mercadoria #2; cafe?na, Mercadoria #3; ?cido fosf?rico, Mercadoria #4; folha de coca e extrato de noz de cola, Mercadoria #5; mistura saborizante 7X, Mercadoria #7; baunilha, Mercadoria #8. Essa nomenclatura pegou, embora desde a era Candier os n?meros 6 e 9 - talvez suco de lima e glicerina - tenham desaparecido, provavelmente absorvidos na 7X ou em algum outro ingrediente.

Estudei demoradamente os efeitos da folha de coca e da cola no corpo principal do texto. ? parte isso, s?o na verdade fascinantes, ainda que inconclusivas, as hist?rias populares que cercam os demais ingredientes, considerando os volumes diminutos de cada um deles e a veracidade duvidosa de fontes antigas. A c?ssia, por exemplo, foi usada como cura para artrite, c?ncer, diabetes, tonteira, gota, dor de cabe?a e dor de est?mago. A noz-moscada combatia a infec??o durante a Peste Negra, serviu como psicotr?pico e narc?tico, e ? receitada na ?ndia para disenteria, gases, lepra, reumatismo, ci?tica e dor de est?mago. A baunilha ? usada variadamente como afrodis?aco, estimulante ou anti-espasm?dico, cura histeria, impede o aparecimento de c?ries e reduz gases. E o mesmo se aplica aos demais ingredientes.

* * *

Uma vez que a f?rmula secreta gerou volumes espantosos de dinheiro, n?o me surpreendeu que ningu?m na companhia quisesse falar sobre ela. Tendo recebido permiss?o para entrevistar praticamente todo mundo na empresa, negaram-me, contudo, acesso a Mauricio Gianturco, chefe da divis?o t?cnica. No fim, deixaram-me entrevistar Harry Waldrop, um ?psicometrista graduado' (n?o ? brincadeira, ? esse mesmo o t?tulo dele) que, at? cinco anos passados, em membro do corpo de elite de provedores de sabor que faz amostragens de partidas da Coca-Cola Classic.

Os membros do grupo conhecem a 7X tanto pelo cheiro quanto pelo gosto e podem discemir diferen?as m?nimas ocasionadas por envelhecimento. Da mesma maneira que alguns provedores de vinho podem provar um 1945 Mouton-Rothschild e diferenci?-lo de outro da safra de 1946, Waldrop pode identificar uma partida de xarope de Coke de dois meses de idade. ''Todos n?s conhecemos o sabor e o aroma do material aut?ntico", diz Waldrop, "mas ? dif?cil dizer isso em palavras. S? quando est?o fora do padr?o ? que tentamos descrev?-los.'' Os membros do grupo podem se subdividir em pequenos grupos, por exemplo, para discutir um gostinho ligeiramente amargo que refugam. Embora todos os ingredientes sejam cuidadosamente medidos e submetidos a teste por cromatografia de g?s e outros aparelhos cient?ficos de aferi??o, Waldrop n?o acredita que o computador possa substituir o ser humano. "Um nariz eletr?nico n?o poderia captar as sutilezas, a parte hedon?stica", garantiu-me ele.

Embora cientistas possam provavelmente identificar os diferentes ingredientes da Coca-Cola, e at? mesmo estimar seus volumes aproximados, n?o podem, segundo funcion?rios da companhia, duplicar a mistura exata. Incr?vel como possa parecer, apenas duas pessoas em atividade na companhia supostamente sabem como misturar o 7X. Isso faz com que elas viajem constantemente de avi?o a Cidra, Porto Rico, e Drogheda, Irlanda, para reabastecer o suprimento dessas duas enormes f?bricas de concentrado, que fornecem os tijolos para a maioria da Coke consumida no mundo. H? ainda no mundo outras f?bricas menores de concentrado. Ningu?m, claro, gostaria de falar sobre essas quest?es de log?stica.

A despeito de todo o mist?rio e paran?ia acumulados em torno da f?rmula famosa, certo dia um porta-voz da companhia baixou a guarda quando perguntei o que aconteceria se eu publicasse neste livro a f?rmula aut?ntica, com instru?es detalhadas. Ele sorriu largamente. "Mark", disse, "digamos que este ? o seu dia de sorte. Acontece que tenho, aqui mesmo em minha mesa, uma c?pia da f?rmula.'' Abriu a gaveta e me entregou um documento fant?stico.

- "A? est?. Agora, o que ? que vai fazer com ela?"
- "Bom, vou inclu?-Ia no meu livro."
- "E ... ?"
- "Algu?m pode resolver estabelecer-se e concorrer com a The Coca-Cola Company."
- "E que nome ele vai dar ao produto?"
- "Bem, n?o poder? cham?-lo de Coca-Cola porque voc?s o processariam. Vamos dizer que o chamem de Yum-Yum, e que insinuem, de uma forma a n?o dar raz?o a um processo judicial, que a Yum-Yum ? na verdade a f?rmula original da Coca-Cola."
- "?timo. E da?? Quanto v?o cobrar por ela? Como v?o distribu?-la? Como v?o divulg?-la? Est? entendendo aonde quero chegar? Gastamos mais de 100 anos e volumes inacredit?veis de dinheiro construindo o capital dessa marca. Sem nossas economias de escala e nosso inacredit?vel sistema de comercializa??o, quem quer que tentasse duplicar nosso produto n?o chegaria a lugar nenhum e teria que mudar coisas demais. Por que algu?m se daria ao trabalho de ir comprar Yum-Yum, que ? realmente igual ? Coca-Cola mas que custa mais, quando pode comprar a Coisa Real em todo o mundo?''

N?o consegui pensar em coisa alguma para dizer.

Extra?do na ?ntegra de "Por Deus, Pela P?tria e Pela Coca-Cola", de Mark Pendergrast. Ap?ncice p?g 379-383. Editora Ediouro, 1993. O livro "coincidentemente" sumiu das livrarias e sebos do pa?s.

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