26/08/2009

Representantes de produtores de laranja e exportadores de sucos c?tricos reconheceram no Senado, nesta ter?a-feira (25), que o setor atravessa uma de suas piores crises. De um lado, os produtores culpam a turbul?ncia por dois motivos: carteliza??o e o crescente processo de concentra??o econ?mica, em curso na citricultura brasileira, segundo eles, h? mais de 20 anos.

 

 

Diante desses problemas, Christian defendeu que o governo federal subsidie o setor em momentos de queda de consumo, bem como a abertura de uma campanha nacional e mundial para aumentar o consumo da laranja industrializada. Ele tamb?m disse apoiar o projeto que obriga as escolas p?blicas a servirem para os alunos suco de laranja ou outros sucos de frutas regionais.

 

Os senadores, a exemplo de Tasso Jereissati (PSDB-CE), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e Eduardo Suplicy (PT-SP) defenderam a cria??o de uma agenda positiva e abertura de di?logo entre as partes para que o setor seja normalizado. Suplicy chegou a propor a cria??o de uma c?mara de arbitragem para a citricultura, a exemplo do que j? ocorre com a cana de a?car. Caberia ? c?mera, entre outras atribui?es, definir as formas de comercializa??o da laranja e seus derivados.

 

O tema foi discutido em audi?ncia p?blica conjunta nas comiss?es de Assuntos Econ?micos (CAE) e de Agricultura e Reforma Agr?ria (CRA). O requerimento que resultou na reuni?o foi de autoria de Eduardo Suplicy e de Augusto Botelho (PT-RR).

 

Cooperativas

 

 

O presidente da CRA, senador Valter Pereira (PMDB-MS), exortou os produtores a criarem cooperativas, enquanto o senador Osmar Dias (PDT-PR) salientou que a ind?stria n?o reconhece o trabalho dos produtores. A senadora K?tia Abreu (DEM-TO) defendeu subven??o oficial para o segmento, com forma de garantir emprego, produ??o e reduzir os pre?os dos alimentos.

 

Carteliza??o

 

J? o presidente da Associa??o Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Fl?vio de Carvalho Pinto, reconheceu que a partir dos anos 1990 houve, de fato, a carteliza??o e a concentra??o econ?mica na citricultura brasileira, o que resultou no processo de expuls?o gradual do mercado de pequenos e m?dios produtores, que j? somam mais de 20 mil citricultores. Quem saiu lucrando, observou, foram empresas aliadas a duas grandes engarrafadoras: a Coca-Cola e Pepsi-Cola.

 

Fl?vio Pinto criticou tamb?m a postura do Cad? de proibir a continuidade do chamado contrato padr?o, que previa a corre??o do pre?o da caixa de laranja em fun??o do pre?o do suco j? pronto para a comercializa??o. Ele pediu ainda o restabelecimento da concorr?ncia no setor e pre?os m?nimos para a laranja.

 

Eduardo Porf?rio, da Federa??o dos Empregados Rurais do Estado de S?o Paulo, salientou que a concentra??o na citricultura est? provocando o empobrecimento dos m?dios e pequenos produtores. Para ele, as empresas n?o est?o negociando nada e pagam apenas um sal?rio m?nimo aos colhedores, que s?o obrigados a recolher nada menos do que 57 caixas por dia para ter direito a um sal?rio m?nimo mensal.

 

Distribui??o

 

Para Suplicy e Botelho, a crise na citricultura j? dura mais de 15 anos. O principal motivo, segundo ele, ? a concentra??o e verticaliza??o das empresas que controlam o processamento, a comercializa??o, e o sistema log?stico de distribui??o a granel do suco produzido.

 

Segundo eles, o marco inicial da crise ocorreu em 1994, quando produtores de laranja ingressaram com uma a??o contra doze empresas processadoras de suco, acusando-as de pr?tica de forma??o de cartel e imposi??o de pre?os na negocia??o com produtores de laranja.

 

Foi feito um acordo pelo qual as empresas se comprometeram a n?o combinar pre?os e a n?o trocar informa?es. Mas o compromisso, conforme observaram os senadores, n?o foi cumprido, gerando a continuidade da pr?tica de carteliza??o, com um agravante: as ind?strias transferiram as despesas do frete para os produtores, piorando ainda mais a situa??o deles.

 

Fonte: Ag?ncia Senado