POr: Fl?vio Viegas

?Existem vantagens econ?micas para o agrupamento de empresas desde que n?o se viole a lei da concorr?ncia? declarou Ruy Coutinho, ex-presidente do CADE, em mat?ria publicada no Estad?o.

Nos pr?ximos dias deve ser divulgado o ?acordo operacional? entre a Citrosuco e a Citrovita. Esse acordo ou qualquer outro nome que seja dado a essa opera??o, significar? o aumento de concentra??o do setor de processamento de citros e, consequentemente, um enfraquecimento do poder de negocia??o dos citricultores.

Apesar de o CADE estar impossibilitado, por falta de quorum, de analisar o processo de concentra??o, tudo indica que a fus?o est? tacitamente aprovada, principalmente em vista das not?cias que d?o conta de que o governo passou a considerar que as grandes fus?es n?o significam necessariamente preju?zo ao consumidor. Esse racioc?nio, muito conveniente por atender o interesse de grupos poderosos, n?o se sustenta diante da mais superficial das an?lises. A maior concentra??o n?o garante que seus benef?cios superem seus custos econ?micos e sociais e todas as argumenta?es limitam-se a avaliar o impacto, no curto prazo, unicamente em rela??o ao consumidor, esquecendo-se dos impactos da concentra??o sobre o restante da cadeia, principalmente no caso do agroneg?cio.

Assim, a Citrosuco, que h? poucos meses fechava a f?brica de Bebedouro provocando um enorme preju?zo econ?mico e social na regi?o, agora absorve outra empresa e anuncia financiamentos do BNDES para amplia??o de pomares e para capital de giro, apesar de estarem embarcando suco a pre?os, que eles mesmos reconhecem, n?o cobrem sequer os custos da mat?ria-prima.

O problema fica mais grave na medida em que n?o vemos disposi??o das autoridades em conter os abusos e cinicamente aguardam que o mercado se ajuste.

Em decorr?ncia dessa impunidade, o que vem ocorrendo na citricultura se reproduz em outros setores do agroneg?cio. Carteliza??o, contratos n?o cumpridos, divis?o de produtores, pre?os aviltados, fraudes, endividamento, perda de patrim?nio, desemprego e viol?ncia passam a ser a marca registrada do setor que tem sustentado a economia do pa?s.

Cr?dito: Jornal Impacto