15/05/2010
S?O PAULO (Reuters) - A Citrosuco e a Citrovita anunciaram nesta sexta-feira a fus?o das empresas, formando a maior produtora mundial de suco de laranja, com participa??o no mercado global de 25 por cento e vendas anuais de 2 bilh?es de reais, superando a ent?o l?der Cutrale.

Os termos financeiros da transa??o n?o foram divulgados, apenas que os atuais controladores das companhias -grupos Fischer e Votorantim, respectivamente- ter?o 50 por cento cada na empresa combinada.

Os presidentes da Citrosuco, Tales Lemos Cubero, e da Citrovita, M?rio Bavaresco J?nior, disseram que a nova empresa ter? seis f?bricas no pa?s, basicamente no Estado de S?o Paulo, e uma nos Estados Unidos, na Fl?rida, al?m de oito terminais portu?rios -dois no Brasil e seis no exterior- e oito navios entre embarca?es pr?prias e alugadas.

O Brasil ? o maior exportador mundial de suco de laranja, respondendo por aproximadamente 80 por cento do mercado.

"Essa empresa (combinada) tem capacidade de processar acima de 40 a 50 por cento de uma safra total brasileira de laranja. Dependendo da safra, pode ser de 150 milh?es a 160 milh?es de caixas, ou 600 mil toneladas de suco", afirmou Cubero em teleconfer?ncia com jornalistas.

A nova companhia ainda n?o tem nome definido e o neg?cio precisa passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econ?mica (Cade).

Os executivos minimizaram as chances de o Cade impor restri?es ? uni?o, enfatizando que se trata da forma??o de um grande grupo brasileiro com escala para competir globalmente.

A Citrosuco j? ?, atualmente, a segunda maior exportadora de suco de laranja do mundo, e a empresa combinada ocupar? o primeiro lugar global em capacidade de produ??o e exporta??o do produto, conforme os executivos.

O Grupo Fischer contou com assessoria financeira do banco europeu de investimentos Rothschild, enquanto a Votorantim teve apoio da consultoria McKinsey.

N?o h?, no momento, planos de abertura de capital da empresa combinada.

A companhia resultante da fus?o ter? cerca de 6 mil funcion?rios, ultrapassando 10 mil colaboradores em per?odo de safra.

Bavaresco J?nior n?o forneceu estimativas de sinergias pela combina??o dos ativos, afirmando que um grupo de trabalho independente est? sendo formado para definir as etapas de integra??o dos neg?cios.

PRODUTOR DESAPROVA
Fl?vio Viegas, presidente da Associa??o Brasileira de Citricultores (Associtrus), que representa produtores independentes de laranja, disse que o neg?cio prejudica o agricultor, porque reduz seu poder de barganha na venda da fruta.

"Ficamos cada vez mais preocupados com essa concentra??o do setor. Agora s?o apenas tr?s empresas atuando no setor", afirmou Viegas ? Reuters.

"H? um ganho de poder das ind?strias, provavelmente cada vez mais v?o ter poder de barganha, de negocia??o, em cima do produtor. A situa??o da citricultura vai cada vez mais se agravando, sem que haja nenhuma regula??o no setor, no sentido de equilibrar. A gente tem certeza que o preju?zo para o pa?s ? brutal", acrescentou.

A ind?stria do suco no Brasil j? foi alvo de investiga??o do Cade no passado por suspeita de cartel na defini??o do valor de compra da laranja junto ao produtor.

"A gente estranharia muito que uma opera??o como essa venha a ser aprovada pelas autoridades de concorr?ncia. Sinalizaria de uma forma muito negativa a aprova??o impl?cita dessa forma de atua??o desse setor", disse Viegas.

Segundo o produtor, uma consequ?ncia direta da uni?o das duas empresas ser? o eventual fechamento da f?brica da Citrovita em Mat?o, no interior paulista.


(Reportagem adicional de Camila Moreira)