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Liderança Rural

21/05/2010
A Confedera??o da Agricultura e Pecu?ria do Brasil (CNA) elege neste come?o de novembro sua nova diretoria. Pela primeira vez na hist?ria, uma mulher comandar? a mais poderosa entidade ruralista do pa?s. Renovar lideran?as ? fundamental para melhorar, perante a sociedade, a imagem dos agricultores brasileiros.

A Senadora K?tia Abreu, nova presidente da CNA, conhece os meandros da pol?tica classista no campo. Tornada agricultora aos 25 anos, ap?s a morte do marido, a psic?loga, m?e de tr?s filhos, liderou o Sindicato Rural do munic?pio de Gurupi e, depois, assumiu a Federa??o estadual da agricultura de Tocantins. Ganhou lideran?a enquanto tocava a fazenda de gado. Ficou famosa naquele rinc?o machista.

Entrou na pol?tica partid?ria pelas m?os do antigo PFL, hoje Democratas. Em 2002, elegeu-se Deputada Federal com a maior vota??o do estado. Na C?mara, coordenou a forte e articulada bancada ruralista. Impetuosa, deu constante trabalho para o governo federal. Boa de briga.

O Senado a recebeu, com enorme vota??o, em 2006. Das encrencas do campo, agregou os dramas da economia. Designada relatora da CPMF, aquela contribui??o provis?ria sobre movimenta??o financeira, conseguiu aprovar, contra a m?quina do governo Lula, a extin??o da malfadada taxa. Competente, respeitada, vai com certeza turbinar a CNA.

Dizia Bertold Brecht, criticando as pessoas alienadas, que o pior analfabeto ? o analfabeto pol?tico. Elas n?o sabem, afirmava o fil?sofo alem?o, ?... que o custo de vida, o pre?o do feij?o, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do rem?dio dependem das decis?es pol?ticas?. Assim, o engajado e l?cido pensador traduzia, em termos populares, o perigo da ignor?ncia.

Os agricultores brasileiros costumam n?o gostar da pol?tica. Ficam, normalmente, distantes das elei?es, passivos, alguns irritados, como se o assunto nada tivesse a ver com eles. Ledo engano. Se o pessoal da ro?a fosse mais participante, interessado na vida pol?tica, certamente os representantes populares seriam mais simp?ticos ?s causas do campo. Melhorias poderiam advir.

Os Prefeitos e Vereadores, por exemplo, comandam o poder municipal e quase sempre olham apenas para os problemas da cidade, da pra?a e do asfalto, se esquecendo das estradas rurais, sempre esburacadas. Ora, as obras p?blicas n?o caem do c?u. Elas dependem da capacidade de cobran?a da popula??o interessada. Isolados, distantes, os agricultores perdem o jogo da pol?tica local.

No contexto maior, as decis?es de governo sobre financiamentos rurais, seguro de safra, mecanismos de comercializa??o, entre tantos, se sujeitam, claramente, ?s press?es do Congresso Nacional. Nem poderia ser diferente.

Na ?poca da ditadura, bastava conhecer os escondidos corredores do poder. Hoje, felizmente, manda o jogo democr?tico, leg?timo, do Parlamento.

A depend?ncia caracteriza um amargo tra?o da heran?a cultural dos brasileiros. Dizem os historiadores que, acentuada pelo Marqu?s de Pombal, as reformas na sociedade lusitana se impunham na col?nia de ?cima para baixo?. At? hoje, 186 anos ap?s a Independ?ncia, h? pessoas que parecem aguardar que o ?rei?, l? longe, anuncie as decis?es a serem cumpridas aqui, pelos ?s?ditos?. Submissa, acostumada a cumprir ordens, a popula??o espera que o governo aja em seu nome, como se um des?gnio divino o guiasse. V? ilus?o.

Na sociedade moderna, complexa, grupos de interesse se formam, disputando a primazia da pol?tica. Se os agricultores n?o se organizam devidamente, acumulando for?a reivindicativa, seus pleitos se esvaziam. E de nada adianta reclamar, tomar cerveja no boteco e xingar o governo, ou a Prefeitura. Se as coisas n?o funcionam, conforme se deseja, h? que se reivindicar. Assim se constr?i a democracia.

No mundo todo, os agricultores participam ativamente da pol?tica. Mobilizam a sociedade em defesa de suas causas. Aqui, no Brasil, lamentavelmente, h? quem j? tenha se esquecido at? em quem votou, noutro dia, para vereador.

Deputado ent?o, nem pensar. Resultado: forma-se um terr?vel fosso entre a pol?tica e a agricultura. Isso precisa mudar.

N?o adianta, por?m, a c?pula ser forte. Em cada canto do interior, l? na base da sociedade, as entidades da agropecu?ria devem participar, ativamente, do processo de decis?es. Para tanto, fundamental ser? alterar a postura e a atitude das lideran?as rurais.

Abandonar o personagem dependente e assumir o protagonismo, tornando-se pr?-ativo. Vale para todos, agricultores familiares e empresariais, pequenos e grandes produtores. O limite do car?ter empreendedor n?o reside na forma, mas na mente.

Uma coisa puxa a outra. Romper com a passividade exige adequar o discurso. A fama de chor?o dos agricultores brota da conversa atrasada, desconectada dos princ?pios e id?ias contempor?neas. Desde quando, a partir da revolu??o de 30, a oligarquia agr?ria sentiu reduzida sua fatia no poder da Rep?blica, come?ou a perder sua embocadura. O saudosismo cresceu, e o discurso ruralista desafinou.

Passa da hora o surgimento de uma nova gera??o de l?deres rurais. Jovens agricultores, antenados ao mundo moderno, come?am a participar da pol?tica, assumindo os postos da gera??o passada. Esse processo se consegue verificar em dezenas de sindicatos, associa?es e cooperativas rurais por a? afora, onde cursos de treinamento e capacita??o se desarrolam. O serm?o caqu?tico est? com dias contados.

Brecht conclu?a que da ignor?ncia pol?tica nasce o pior dos bandidos, o pol?tico vigarista. Muitos vigaristas arrebanham os votos do campo, dando-lhes uma banana depois. Sujam o nome dos agricultores. S? existe uma vacina: participa??o.

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