27/10/2010
Foi assinado ontem na sede da Secretaria da Agricultura de S?o Paulo, na zona sul da capital, o protocolo de inten?es que cria o Consecitrus, conselho formado por representantes de citricultores e de ind?strias de suco de laranja que tem por objetivo harmonizar as rela?es na cadeia produtiva.

Segundo seus arquitetos, o conselho ser? o ambiente para a discuss?o de par?metros para as negocia?es de pre?os de fornecimento da fruta para a fabrica??o da bebida e de quest?es estrat?gicas como a queda da demanda global pela commodity e as amea?as fitossanit?rias aos pomares.

?O Consecitrus ? um marco hist?rico na citricultura e certamente mudar? os rumos do segmento?, afirmou Jo?o Sampaio, secret?rio da Agricultura do Estado e principal articulador das negocia?es. Citricultores e ind?strias tentavam sentar na mesma mesa h? anos, sem sucesso.

?? um caminho novo?, disse Christian Lohbauer, presidente da Associa??o Nacional dos Fabricantes de Sucos C?tricos (CitrusBR). A entidade foi criada em junho de 2009 por Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus, as maiores exportadoras de suco de laranja do mundo.

As tr?s primeiras s?o nacionais, enquanto a LD tem origem francesa. Todas administram seus neg?cios a partir de S?o Paulo, que responde por mais de 80% dos embarques de suco de laranja do Brasil - que, por sua vez, domina 85% das exporta?es mundiais da commodity.

Em 2010, essas exporta?es dever?o somar US$ 2 bilh?es, segundo Marcos Fava Neves, professor da FEA/USP e coordenador do estudo ?O retrato da Citricultura Brasileira?, lan?ado na semana passada.

As tr?s entidades que representam citricultores tamb?m aprovaram a cria??o do Consecitrus, ainda que todas (SRB, Associtrus e Faesp) tenham ponderado, como a CitrusBR, que ? agora que come?a a parte dif?cil do processo - j? com a primeira reuni?o marcada para o dia 8.

Segundo Gast?o Crocco, da Sociedade Rural Brasileira (SRB), o segmento mostrou maturidade ao criar o Conseciturs. Para Douglas Kowarick, da Associa??o Brasileira de Citricultores (Associtrus), ? uma chance de equilibrar for?as e distribuir melhor a renda na ?rea, enquanto Marco Antonio dos Santos, da Federa??o da Agricultura do Estado de S?o Paulo (Faesp), afirmou esperar que os citricultores tenham mais seguran?a diante das oscila?es de pre?os.

Apesar de simb?lico em uma cadeia produtiva marcada pela eros?o de suas rela?es nas ?ltimas d?cadas, o protocolo assinado ontem deixou para depois, por falta de consenso no momento, quest?es que podem condenar o Consecitrus a nunca sair do campo das promessas.

Decis?es aparentemente simples como a divis?o de for?as entre as entidades de citricultores, e entre essas e a CitrusBR nas futuras negocia?es, permanecem indefinidas. Diverg?ncias sobre os par?metros que nortear?o as negocia?es de pre?os, que chegaram a amea?ar o pr?prio protocolo de inten?es, tamb?m ter?o de continuar a ser debatidos.

?H? muito trabalho pela frente?, repetiram Lohbauer, Santos, Crocco e Kowarik. ?? um embri?o que vai crescer e amadurecer ? medida que a cadeia produtiva acreditar nele?, afirmou Carlos Viacava, diretor da Cutrale - que segue l?der nas exporta?es de suco enquanto as autoridades de defesa da concorr?ncia avaliam o processo de fus?o entre Citrosuco e Citrovita, anunciado neste ano.

Nesse amadurecimento, o futuro das investiga?es das autoridades antitruste sobre a suposta forma??o de cartel entre as ind?strias tamb?m ser? vital.

Para Jo?o Sampaio, que pode deixar a Secretaria da Agricultura de S?o Paulo no fim do ano, apesar de o governo continuar com o PSDB, esses e outros obst?culos podem ser superados no Consecitrus porque a cadeia tomou consci?ncia de que ele ? a melhor op??o para o futuro.

A conjuntura ? adversa porque, com a demanda por suco de laranja em baixa, aumentos das cota?es internacionais do suco - e, portanto, dos pre?os pagos pelas ind?strias pela fruta - passaram a depender quase que exclusivamente de problemas na oferta do produto, como acontece atualmente. Da? a uni?o de for?as (Valor, 26/10/10)


Fonte: Agromundo