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Cartel, concentração, verticalização, subfaturamento, desemprego e .....

06/01/2011
O verdadeiro retrato da citricultura brasileira muito menos colorido do que o apresentado em mais um trabalho encomendado pelas esmagadoras. Elas contrataram a mesma equipe de cientistas da USP que tem elaborado outros trabalhos, cujo objetivo tem sido justificar o processo de cartelizao, concentrao, verticalizao, desemprego, desestabilizao da economia dos municpios citrcolas e da economia do pas, ao exportar o suco de laranja abaixo de seu custo de produo.

Como j relatamos em artigos anteriores, a situao que os citricultores independentes vivem hoje foi planejada no incio da dcada de 90, quando os 5 ?Cs? se uniram para inviabilizar a Frutesp, assediando seus fornecedores e clientes, pois a poltica comercial da empresa, pertencente a uma cooperativa de citricultores, obrigava-os a compartilhar com os citricultores a renda do setor. Essa poltica foi to eficaz, que o Brasil assumiu a liderana mundial no mercado de suco de laranja.

A partir da venda da Frutesp, os 5 'Cs' assinaram um contrato definindo como o mercado e os citricultores seriam divididos. Os produtores que recebiam, em valores atualizados, o equivalente a US$ 5,16 por caixa de laranja na rvore, passaram a receber US$ 2,57 na rvore e ainda foram obrigados a assumir os encargos e riscos da contratao do pessoal de colheita e o transporte da fruta at a indstria.

Isso representou uma reduo adicional de seus rendimentos, que a partir de ento, se mantiveram consistentemente abaixo do custo de produo, tendo como conseqncia uma enorme transferncia de renda dos citricultores para a indstria.

Os citricultores, sem renda e com custos crescentes, se descapitalizaram e se endividaram, enquanto a indstria, capitalizada pela renda tomada dos citricultores, punha em prtica o seu plano de concentrao e verticalizao, que, segundo o ento presidente da Abecitrus, deixaria a citricultura nas mos da indstria e de 200 produtores amigos. Dessa forma, os pomares acima de 100 ha, que correspondiam a cerca de 8% do parque citrcola em meados da dcada de 80, passaram a controlar cerca de 57% do parque citrcola em 2009! Hoje 120 pomares detm 47% do parque citrcola paulista!

O processo de concentrao imps uma mudana no modelo de produo, at ento baseado em pequenos e mdios produtores que residiam nos municpios citricolas, tinham renda, dinamizavam o comrcio, geravam empregos em todos os nveis, desde o trabalhador braal at os mais preparados profissionais de todas as reas. Havia condies para desenvolvimento de servios de alta qualidade em todas as reas. Os novos municpios citrcolas no desfrutam de nenhum destes benefcios, ao contrrio, queixam-se do nus de ter que abrigar e prestar servios, durante o perodo de colheita, aos trabalhadores temporrios trazidos de outras regies ou estados.

Cerca de 20 mil citricultores foram expulsos do setor, 170 mil empregos desapareceram, a economia dos municpios perdeu dinamismo, sem que se observasse nenhum ganho para a sociedade, nem para o consumidor. O argumento usado para a concentrao do setor e a consequente expulso dos citricultores independentes seria a sua baixa produtividade. O quadro abaixo, onde esto listados os principais produtores mundiais de laranja, demonstra que o Brasil somente perde em produtividade para os EUA e Israel, onde a irrigao usada intensamente com alto custo econmico, social e ambiental.

Clique e veja a tabela

Os cientistas da USP tentam justificar os baixos preos praticados pela indstria atravs de planilhas incompletas, pouco detalhadas e utilizando ndices de produtividade que poucos dos novos pomares, mesmo os mais adensados, atingem. Um aumento da produtividade mdia em nveis acima de 40 t/ha, que dificilmente seria tecnicamente vivel em todas as reas citrcolas, implicaria na renovao adicional de pelo menos 50% do parque, o que corresponderia a um investimento de US$ 2 bilhes, sem considerar o custo da terra, e exigiria preos remuneradores ao longo dos 15 anos da vida til do pomar, para assegurar o retorno do investimento.

O custo de produo de um pomar com 600 plantas por ha e uma produtividade mdia de 1000 cx por ha foi calculado em R$15,7 por caixa de 40,8 kg em uma planilha aberta que est disposio dos cientistas para crticas desde 2005.

Com esse preo da laranja e adotando-se uma taxa de cmbio de R$1,7 por dlar, um rendimento industrial de 238 cx/t e um custo industrial de US$374,97/t , o custo da tonelada de suco concentrado FOB Santos seria da ordem de US$2600,00 e a indstria vem registrando, h anos, suas exportaes na faixa dos US$1100,00. Nesse nvel de preos a matria-prima estaria sendo remunerada a R$ 5,18 por caixa, abaixo do custo direto de produo dos ?altamente produtivos e eficientes pomares da indstria? que, segundo o trabalho, est em R$7,26 por caixa. Qual a explicao para um negcio que gera um prejuzo de US$1500,00 por tonelada exportada? De onde vm os recursos para os investimentos bilionrios feitos pela indstria nas duas ltimas dcadas? Realmente, precisamos reconhecer a competncia de uma indstria que cresce gerando prejuzo e desemprego e continua sendo apoiada e protegida por vrios setores e autoridades de nosso pas.

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