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Fusão à destruidora de empregos, diz professor da USP

11/07/2011
Se o negcio for fechado, num primeiro momento todo o esforo das empresas ser de corte de custos, diz especialista

A proposta de fuso do Grupo Po de Acar com a operao brasileira do Carrefour, bancada em boa parte com recursos pblicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico, considera "destruidora de empregos" pelo professor da Faculdade de Economia e Administrao da Universidade de So Paulo (USP) e especialista em varejo, Nelson Barrizzelli.

Ele avalia que toda argumentao usada para justificar a entrada do banco de fomento nesse negcio no tem nexo. "Num primeiro momento, todas as sinergias que esses dois grupos podem ter para reduzir custos eles o faro", afirmou. "Pode ser que no futuro, quando eles comearem um processo de expanso, ocorra a gerao de empregos. Mas num primeiro momento no." O economista ressaltou tambm que os nicos ganhadores com essa fuso so os dois grupos.

Para o consumidor, dependendo da maneira como o Cade se comportar na avaliao da concorrncia, ser indiferente. "J para os fornecedores, a vida que difcil e vai ficar mais difcil." Procurado pelo Estado, o Grupo Po de Acar no se manifestou. A seguir os principais trechos da entrevista.

Como o senhor. v a possvel fuso do Carrefour com o Po de Acar? Quem ganha e quem perde?

Vejo esse negcio como uma atividade normal de fuses que est ocorrendo no mundo inteiro. Na verdade no se trata especificamente de uma fuso tradicional, tem vantagem de relacionamento acionrio entre os grupos, mas no fundo os dois grupos esto se juntando. Isso est ocorrendo no mundo inteiro. Se o BNDES no tivesse entrado, essa seria uma operao absolutamente normal. Quem ganha com essa fuso , sem dvida alguma, os dois grupos, exclusivamente. Eles vo ter sinergias, conseguir reduzir custos fixos, certamente vo ganhar mais escala.

E o consumidor no ganha?

Dependendo da maneira como o Cade se comportar, para o consumidor ser indiferente. Isso porque no varejo no so as organizaes que competem, mas as lojas. Se voc tiver uma loja do Grupo Po de Acar isoladamente, ela estar competindo com todas as organizaes de pequeno, mdio e grande porte que existirem em volta dela. Vai concorrer com a padaria, com a quitanda, com a feira livre, por exemplo.

Qual o efeito para a indstria?

A vida que j difcil e vai ficar mais difcil. Ela j sua gotas de suor grossas, talvez ela v suar algumas gotinhas de sangue. A indstria a parte que ter mais dificuldades. lgico que isso tem certos limites. Quando o Po de Acar comprou as Casas Bahia, todo mundo dizia que tinha acabado. Agora a indstria no vai vender mais, vai ter de dar de graa a mercadoria. No bem assim. A presso dos dois lados tem um certo limite. Essas empresas varejistas podem pressionar a indstria e a indstria cede at o ponto que vai ter prejuzo. Se ela vai ter prejuzo, ela no vai ceder mais. Certamente o que aumenta a presso negocial. Mas na hora de fazer o negcio, ele vai ser feito de tal maneira que tem de sobrar algum lucro para os dois lados.

O senhor no v risco de aumento de preo?

Eu acho que no vai haver nem aumento nem reduo de preo perceptvel. Vai continuar como hoje. O que poderia acontecer esse grupo, pelo seu poder de negociao, continue vendendo pelo preo que vende atualmente e tenha mais lucro porque principalmente vai reduzir custos fixos pela juno das duas organizaes. Mas eu acho que o consumidor na prtica no vai sentir grandes modificaes.

O senhor acha que se justifica a entrada do BNDES?

De maneira nenhuma. Acho que toda essa argumentao que foi usada para que o BNDES entrasse nesse negcio no tem absolutamente nenhum nexo. O fato de o BNDES por meio do BNDESPar entrar como scio comprando aes no muda absolutamente nada. O dinheiro do BNDES o dinheiro do BNDES. O dinheiro do BNDESPar no vem de uma fonte celestial onde nada acontece em relao a aquilo que o caixa do BNDES. O papel do BNDES contribuir para incentivar a infraestrutura brasileira, melhorar a produtividade da indstria, modernizar a indstria, gerar empregos e assim por diante. Uma fuso dessas destruidora de empregos. Num primeiro momento, todas as sinergias que esses grupos podem ter para reduzir custos eles faro. Pode ser que no futuro, quando eles comearem um processo de expanso, ocorra a gerao de muitos empregos. Mas num primeiro momento no. Seja pela misso bsica do BNDES como banco de fomento, seja pela prpria caracterstica da operao, seja pelo setor ao qual os dois pertencem que o varejista, no tem nenhum nexo o BNDES entrar numa operao desse tipo.

Por que o BNDES est envolvido?

No sei explicar, no trabalho no BNDES e no participei da negociao. Voc tem de perguntar para o Coutinho. Eu ouvi at uma explicao, por assim dizer, que esse grupo vai ter uma participao importante no Carrefour internacional e isso vai permitir que se venda mais produtos brasileiros no exterior. De todas as explicaes essa a mais esdruxula. Esse Grupo no precisa ter participao no Carrefour internacional para que o Brasil exporte mais alimentos. No tem sentido nenhum. Ns no somos grandes exportadores de alimentos industrializados. Somos exportadores de matrias primas. Alimentos industrializados, na verdade, no somos nem muito importadores nem exportadores porque so produtos de produo e consumo local. Dificilmente algum vai comprar uma lata de palmito do Brasil porque o Po de Acar tem participao no Carrefour internacional. A pessoa que fala uma coisa dessas no entende de comrcio exterior.

Do ponto de vista de mercado, o Walmart ser o grande prejudicado se o negcio se concretizar? Qual ser a dinmica do mercado entre os dois primeiros e os demais?

interessante observar que ocorre mais ou menos uma regionalizao dessas grandes organizaes. O Grupo Po de Acar e o Carrefour se concentraram na regio Sudeste. O Walmart se concentrou no Norte, Nordeste e no Sul do Brasil. O que acontece de prtico que hoje, onde o Walmart tem maior dominncia, ele no concorre diretamente com o Carrefour e o Po de Acar. Concorre localmente com algumas lojas, mas no com o poderio que essas organizaes tem na regio Sudeste. E vice-versa. O Walmart aqui em So Paulo concorrente do Carrefour e do Po de Acar, mas de uma forma muito suave. Dada essa regionalizao, o Walmart no vai sofrer substancialmente.

Quais empresas sero afetadas?

Vai ter um certo prejuzo concorrencial para as empresas de porte mdio que hoje concorrem com mais facilidade seja com o Carrefour, seja com o Walmart. Se eles vierem a se juntar e ficarem mais forte regionalmente, as empresas de porte mdio, como por exemplo as do interior de So Paulo, do Rio de Janeiro, em regies de Minas Gerais, podero passar a ter uma concorrncia muito mais forte. Na prtica, quando olhamos a maneira pela qual Carrefour e Po de Acar caminharam ao longo desses anos, constatamos que eles foram deixando alguns espaos para empresas de porte mdio.

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