17/11/2011 A produção de laranja nas principais regiões do mundo e o consumo de seu suco foram alvo de discussão no mês passado em conferência realizada na Flórida (maior Estado produtor dos EUA).
Nesse encontro, analistas, consultores e pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos, do México e da China discutiram o futuro da citricultura mundial.
O "greening", a principal doença da citricultura, presente nas principais regiões produtoras do planeta, polarizou as opiniões dos participantes.
Há divergência sobre o assunto. Parte da comunidade técnica e científica preconiza a erradicação das plantas afetadas pe lo "greening" para que o mal não prolifere.
No Brasil, isso é lei, embora nem sempre ela seja respeitada. Nos EUA, não há essa obrigatoriedade. Há aqueles que arrancam as plantas sintomáticas e também os que acreditam que isso não seja necessário - esses profissionais defendem ser possível conviver com a doença, desde que haja o reforço nutricional dos pomares.
Trabalhos científicos na China, antiga conhecedora do problema, mostram que a eliminação da fonte de inóculo é o melhor caminho.
Alheia às discussões, a doença avança na Flórida e no cinturão citrícola brasileiro. O último levantamento da Fundecitrus mostrou que 53% de todos os talhões de laranjas de São Paulo e do Triângulo Mineiro estão afetados em maior ou menor grau.
Já na Flórida, os levantamentos oficiais deixaram de ser feitos. Entretanto, Mike Irey, diretor técnico da U.S. Sugar, uma da s maiores produtoras de laranjas da Flórida, estima que cerca de 44% dos talhões de cítricos daquele Estado estejam contaminados.
Independentemente da polêmica, a doença é hoje o principal vetor de influência na produção futura de laranjas no mundo. Tom Spreen, da Universidade da Flórida, aponta estabilidade para os próximos três anos, mas hesita ao prever sobre o que ocorrerá depois desse período. Já o Gconci (Grupo de Consultores em Citros) indica para São Paulo queda de produção devido à doença.
Avaliações indicam que as consequências da doença, em termos de produção, ainda estão por vir, pois as plantas afetadas tendem a diminuir sua produtividade com o passar dos anos.
Em tempos de crise financeira mundial, a aversão do consumidor à alta de preços do suco é evidente.
É tempo de toda a cadeia produtiva da laranja, de produtores a embaladores, passando pelas indústrias processadoras, seja ela do Brasil, dos Estados Unidos ou da Europa, buscar soluções para a retomada do crescimento de consumo do suco.
Isso, sem dúvida, passa por um grande plano de marketing que deve, entre outras coisas, buscar diferenciar esse alimento das coloridas e atrativas bebidas artificiais que tanto encantam crianças e jovens do mundo todo.
MAURICIO MENDES é CEO da Informa Economics FNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.
Fonte: Folha de S. Paulo Publicado: 15/11/2011
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