25/11/2011
A previsão é de que a safra da laranja deste ano será uma das melhores dos últimos 15 anos, com uma produção de mais de 400 milhões de caixas. Por outro lado, o preço pago ao produtor não cobre os custos e caiu 40% comparado ao mesmo período de 2010. O que era para ser preço mínimo virou preço máximo, ou seja, os produtores estão recebendo da indústria R$ 10,00 pela caixa da laranja.

O presidente do Conselho da Associtrus, Renato de Toledo Queiroz, recorda-se das reuniões com as indústrias e o Ministério da Agricultura. ?Os produtores, através das entidades representativas, sentaram-se com as indústrias e o governo, para tentar estabelecer um preço mínimo que simplesmente balizasse o setor, ou seja, pra que a situação não ficasse pior do que vinha sendo prevista, pois a safra mostrava-se grande. Mas o preço mínimo acordado com a indústria virou o preço máximo que não cobre sequer o custo de produção que, segundo levantamento das associações que representam os produtores e da própria Conab, gira em torno de R$ 16?, diz Queiroz.

O argumento utilizado pelas indústrias para a queda no preço pago aos produtores - de R$ 15 em 2010 para R$ 10 em 2011 - está na informação de que a demanda por suco de laranja nos principais mercados consumidores diminuiu muito nos últimos anos. ?O suco concentrado realmente registrou uma queda significativa, mas, o consumo do suco NFC cresceu vertiginosamente nos últimos cinco anos e hoje corresponde a 30% da produção da indústria e tem maior rentabilidade?, observa Queiroz.

De acordo com a Associtrus, a supersafra anunciada no início da colheita não será confirmada e se manterá no mesmo patamar dos últimos dez anos por conta de problemas ocasionados pelas indústrias. ?Era pra ser uma safra muito grande, mas, como nos últimos vinte anos as indústrias foram adquirindo novas unidades e fechando as mesmas, a capacidade de moagem diminuiu. Caminhões chegam a ficar três dias na fila das fábricas para descarregar. Muita fruta foi perdida no pé, ou seja, caiu e apodreceu. Estima-se que 15% da safra será perdida e, com isso, só será possível repor os estoques de suco?, diz Queiroz.

A maior divergência no setor está no preço pago pela caixa de laranja pela indústria ao produtor. ?Para cada 5 copos de laranja que se toma no mundo, 4 são produzidos no Brasil, ou seja, temos uma hegemonia gigantesca neste negócio. Se o preço do custo da caixa de laranja gira em torno de R$ 15 ou R$ 16, porque nós que produzimos temos que receber abaixo? Temos o poder de aumentar o preço do suco lá fora. As últimas informações são de que o suco vai permanecer no mesmo patamar, ou seja, é possível pagar os R$ 17. Por que o produtor de laranja brasileiro, que detém a produção, e o Brasil, que tem esta hegemonia no suco de laranja, tem que subsidiar o suco de laranja consumido no exterior??, questiona Queiroz.