01/06/201231/05/2012 - 10h51 | da Folha.com
JOÃO ALBERTO PEDRINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
Terminou sem acordo a reunião realizada nesta quarta-feira no Ministério da Agricultura, em Brasília, para discutir soluções para a crise que atingiu o mercado da laranja em 2012.
A queda nas exportações ocasionadas pela diminuição do consumo no mundo, o estoque elevado de suco nas indústrias e a superoferta da fruta podem fazer com que uma boa parte da safra estrague nos pomares.
O encontro, costurado pela câmara setorial de citricultura do ministério, contou com participantes da indústria, dos produtores e do governo. Sem uma decisão, os envolvidos na cadeia produtiva devem participar de uma nova rodada de negociações na semana que vem.
A Citrus-BR (Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos), que reúne três grandes empresas exportadoras do produto (Citrosuco/Citrovita, Cutrale e Louis Dreyfus), estima que a capacidade de processamento da safra será de 247 milhões de caixas (40,8 kg), de um total de 364 milhões.
Edson Silva/Folhapress
Se o consumo "in natura" se mantiver na faixa dos 34 milhões, como em 2011, restará o excedente de 83 milhões de caixas.
O presidente da câmara setorial de citricultura do Ministério da Agricultura, Marco Antonio dos Santos, afirmou que o encontro foi promovido para decidir o que fazer para "salvar" essas caixas que vão sobrar nos pomares.
"Algumas alternativas foram propostas e agora as indústrias vão analisar o que foi apresentado. Buscamos um consenso, uma saída equilibrada. Esperamos que haja bom senso para que não se registre prejuízos significativos", disse. Ele afirmou ainda que as possibilidades colocadas à mesa não poderiam ser divulgadas.
O presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flávio Viegas, que também participou da reunião, confirmou que foram apresentadas algumas saídas para tentar amenizar a atual situação de crise e que "espera uma participação mais efetiva do governo".
A Folha apurou que uma das alternativas é a prorrogação da LEC (Linha Especial de Crédito) lançada no ano passado para garantir, com o financiamento da estocagem de suco, o escoamento da produção recorde.
De acordo com o presidente da Citrus-BR, Christian Lohbauer, essa medida não seria tão favorável no momento. Outra hipótese seria a participação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) na compra de laranja.
"Cada um [representantes de produtores e indústrias] levou uma 'lição de casa', com algumas propostas. Somente juntas, as medidas poderão surtir algum efeito. Agora, vamos discutir para fechar um acordo e apresentar ao governo", afirmou Lohbauer.