02/07/2012Citricultores de São Carlos já pensam em migrar para outras culturas. Indústrias não fecham contrato porque têm 335 mil t de suco estocadas.
Fonte: http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2012/06/sem-compradores-produtores-deixam-laranja-apodrecer-nos-pes-sao-carlos.html
Publicado: 13/06/2012 22h32 - Atualizado em 13/06/2012 22h32
Do G1 São Carlos e Região
Sem fechar contrato com as indústrias, produtores de São Carlos e região estão deixando as variedades mais precoces da laranja apodrecer no pé. A falta de acordo está aprofundando a crise na citricultura e muitos produtores já pensam em migrar para outras culturas.
O citricultor Edgar Esteves, por exemplo, tem 12 mil pés de laranja em sua propriedade. A variedade é a valência, considerada uma planta tardia e que tem até outubro para colher. Apesar disso, ele já está preocupado com as negociações, pois não tem garantias de que vai conseguir contrato com a indústria. “A gente fica extremamente preocupado esperando que a indústria tome uma atitude. Se a gente arranca o pomar ou não”, disse.
As indústrias não fecharam contratos porque há 335 mil toneladas de suco estocadas. Além disso, o preço do suco está em queda no mercado internacional, o que só piora a situação. Uma das maiores indústrias de processamento interrompeu as atividades em Itápolis e Taquaritinga e demitiu 70 trabalhadores.
A estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos é de que mais de 3 milhões de toneladas de laranja deixem de ser colhidas. Muitos produtores que se prepararam para uma boa safra pode ver os frutos apodrecerem nos pés.
Além de cultivar a laranja, Esteves também possui viveiros, mas já reduziu pela metade a mudas de citrus, que não devem passar de 60 mil este ano. Ele já está buscando alternativas. “Planta outros tipos de cultivo como o pimentão e o pepino, que têm um valor de mercado bom e compensa”, disse.
Laranjas começam a apodrecer em pomares de São Carlos (Foto: Reprodução/EPTV)
A subtituição da cultura é a tendência na região. O citricultor Luís Eduardo Paulino chegou a ter 80 mil pés de laranja e hoje tem 230 hectares de terra para o cultivo da cana de açúcar, toda a área produtiva da fazenda. “A indústria tinha que começar a entender que ela tem que esmagar a fruta e não o produtor. Dessa forma eu resolvi mudar. Chega de brigar, eles não vão modificar nada”, disse.
Representantes dos agricultores, da indústria de suco e do governo se reuniram em São Paulo, mas nenhum acordo foi firmado. Uma nova rodada de negociações está prevista para esta quinta-feira (14).
Portal G1 13/6/2012