A indústria citrícola brasileira deve alcancar nesta safra, como produção agrícola própria, cerca de 130 milhões de caixas de laranja, o que dará um prejuízo estimado de R$ 1,3 bilhões para os produtores citrícolas independentes de todo o país.

Até o final desta safra a estimativa é que cerca de 100 milhões de caixas de laranja do pequeno e médio produtor fiquem sem comprador, ou seja, caiam no chão e apodreçam. A produção total estimada para esta safra 2.012 é de 364 milhões de caixas de laranja de 40,8 kgs. Produtores e indústria processadora trocam acusações quando o assunto é a explicação dos motivos que levaram à crise.

As entidades de citricultores acusam as empresas de fabricarem o problema. Ao assumir o plantio das laranjas em lavouras próprias e reduzir as compras do pequeno e médio citricultor independente, elas estariam jogando os preços do produto para baixo, eliminando a lucratividade do negócio. “Infelizmente a indústria produz muita laranja própria e não terá nenhuma fruta própria dela caindo do pé”, afirmou o presidente do Sindicato Rural do Vale do Rio Grande, Cyro Penna Junior. Segundo ele, a FAESP – Federação da Agricultura e Pecuária de São Paulo, em conjunto com os Sindicatos Rurais e associações citrícolas estão fazendo um trabalho para garantir a sustentabilidade da cadeia da laranja visando principalmente a defesa do pequeno e médio citricultor.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE foi acionado para garantir uma representatividade adequada no Consecitrus e proporcionar condições adequadas de relacionamento e remuneração do citricultor independente. “Existe um trabalho parlamentar para ver se conseguimos editar algumas leis que protejam o citricultor independente e estamos trazendo para Colina uma fábrica onde o citricultor será proprietário. A ideia é garantir que o produtor desenvolva essa alternativa de comercialização”, destacou Cyro.

Paralelamente a essas ações, o Sindicato do Vale do Rio Grande criou uma cooperativa dentro da entidade e que já está em pleno funcionamento. O objetivo é que os pequenos citricultores ofereçam laranja para merenda escolar em escolas de Barretos e da região. “É uma forma de manter a diversidade de plantações em nossa região e evitar que migrem para cana”, avaliou. Uma das preocupações do Sindicato é a migração exagerada para a cultura da cana de açúcar, o que favoreceria a monocultura e colocaria em risco toda a economia agrícola da região.

“É muito importante essa diversidade para evitar que a nossa região vire um mar de cana ainda maior. Se tiver alguma crise em qualquer setor que tenha uma monocultura expressiva, não somente a zona rural é atingida mas também toda uma região, incluindo a zona urbana, uma catástrofe total”,finalizou. Há 15 anos o número de citricultores no país batia a casa dos 30 mil. Hoje, não passam de 8 mil.

O outro lado
O citricultor Paulo Faioto planta laranja em 22 hectares na região das Três Barras. Até o momento, já perdeu R$ 140 mil e estimava produzir 16 mil caixas da fruta. “Essa crise é devido ao capitalismo selvagem da indústria que não pensa no produtor independente e na sustentabilidade da cadeia produtiva”, destacou. Paulo gasta em média R$ 5 mil por hectares para manter seu pomar por safra. “Por sorte tenho outras culturas”, afirmou.

Os números da indústria
Em 2002 a indústria produzia 10 milhões de caixa
Em 2012 o número passou para 130 milhões
A expectativa em 2014 é de que a indústria detenha 200 milhões de caixa

Fonte:O Diário Online