30/03/2013O Departamento de Citros da Flórida publicou no dia 22/3/2013 as projeções e os cenários de produção e demanda de citros para o período de 2014-15 até 2022-23.
Nos EUA, onde a demanda de suco caiu 32,5% entre 2000 e 2012 e os estoques são proporcionalmente maiores que os estoques brasileiros, o preço da caixa de laranja subiu mais de 130% em virtude da queda de produção de 40% no mesmo período.
O estudo apresenta três grandes cenários, com perda de árvores baixa, média e alta e cada um dos cenários é subdividido em três outros relativos a plantio: baixo, médio e alto.
Mesmo num cenário favorável de baixas perdas e alto plantio, a produção da Flórida decresceria para uma faixa entre 120,3 e 136,5 milhões de caixas e o preço da caixa de laranja na árvore para o citricultor da Flórida ficaria em US$ 9,6 em 2014-15 e subiria para US$ 11,92 em 2022-23, num cenário em que a demanda caísse 9% no período. Num cenário mais favorável, o preço da caixa de laranja poderia atingir US$ 13,57.
No Brasil, embora o volume de suco de laranja exportado se tenha mantido constante no período de 2000-01 a 2011-12, o valor registrado nas exportações, como se vê no quadro abaixo, cresceu 180%, de US$ 878 milhões para US$2,45 bilhões, enquanto os preços pagos aos citricultores caíram de cerca de US$ 2,3 em 2000-01 para US$ 1,37 por caixa na safra passada. Uma redução de 40%, agravando ainda mais o prejuízo do citricultor, que tem um custo de produção superior a 9 dólares.
As esmagadoras que pagam na Flórida até US$ 14 por caixa posta, impõem aos citricultores brasileiros preços abaixo de US$ 3 e justificam cinicamente que os baixos preços são decorrentes de desequilíbrios do mercado e os ingênuos aceitam os argumentos absurdos sem contestar.
O que realmente ocorre é que a indústria vem deliberadamente excluindo os pequenos e médios produtores à medida que amplia a sua própria produção.
Na safra passada, cerca de 20 milhões de árvores foram erradicadas e mais de 2000 citricultores excluídos do setor, num processo que deve prosseguir na próxima safra.
Por:
Flávio Viegas
Presidente da Associtrus