Durante anos, a piada no Brasil foi que a economia do Pa?s era a economia do futuro. A sombria conclus?o, obviamente, era que o futuro nunca chega.
Finalmente, contudo, o futuro parece ser agora. Basta observarmos o Hangar F220 da Embraer, em S?o Jos? dos Campos, no interior de S?o Paulo, onde a ambiciosa fabricante de aeronaves comerciais d? os retoques finais em uma d?zia de avi?es a ser entregues a companhias ao redor do mundo, entre elas Northwest, Air Canad?, Tame (Equador) e Virgin Austr?lia.
Ou visitem a construtora Odebrecht, em Salvador. A companhia administra projetos de obras p?blicas internacionais no valor de bilh?es de d?lares, incluindo sua segunda ponte de US$ 1 bilh?o sobre o Rio Orinoco, na Venezuela, e uma parte da expans?o do Canal do Panam?.
E h? a Petrobr?s, a companhia petrol?fera semi-estatal, cujos engenheiros t?m lan?ado projetos de perfura??o em ?guas profundas em lugares como Angola, Col?mbia e Golfo do M?xico. Em novembro, a empresa anunciou o que pode ser a maior descoberta de uma reserva petrol?fera no mundo em 25 anos, no campo de Tupi, diante da costa brasileira. Se o projeto tiver sucesso, Tupi poder? colocar o Brasil no grupo dos grandes exportadores de petr?leo.
Depois de v?rios ciclos de prosperidade e depress?o nas ?ltimas d?cadas, o Brasil vive o melhor crescimento econ?mico sustentado desde os anos 70. A sensa??o ? a de que o Pa?s dobrou a esquina no caminho rumo ? estabilidade. E a ascens?o de companhias como Embraer, Odebrecht e Petrobr?s ? um fator importante na nova sa?de fiscal do Brasil.
"A economia brasileira est? provavelmente no seu melhor momento em 25 anos", disse Paulo Levy, economista do Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada (Ipea), citando quatro anos de bom crescimento econ?mico.
As exporta?es de bens manufaturados e servi?os deram equil?brio ? economia brasileira e ajudaram as reservas estrangeiras a atingir US$ 167 bilh?es, o dobro da quantia de setembro de 2006. O Pa?s abateu sua d?vida, baixou as taxas de juros e restringiu os gastos. O crescimento econ?mico ser? de 5,3% em 2007 - menor que os 5,7% do Hemisf?rio Sul, mas uma fa?anha para um pa?s que, nos dez anos anteriores, teve uma expans?o anual m?dia de apenas 2,5%.
Os investidores estrangeiros perceberam isso, como mostra a alta de 43,65% do ?ndice da Bovespa em 2007, o quinto ano de crescimento. ? um ganho porcentual maior que o de R?ssia, Chile ou Cor?ia do Sul, embora o crescimento do PIB do Brasil em 2007 v? ficar atr?s do desses pa?ses. As companhias brasileiras promoveram um recorde de 100 ofertas p?blicas iniciais, o qu?ntuplo do ano anterior. Do dinheiro levantado, 70% vieram de estrangeiros.
"Isso ? bom para as empresas brasileiras, pois ? uma fonte de financiamento mais barato", afirmou Reginaldo Takara, diretor do escrit?rio em S?o Paulo da ag?ncia de classifica??o de cr?dito Standard & Poor?s. "Agora elas t?m parceiros em vez de credores."
A melhor impress?o do investidor sobre o Brasil tamb?m ? evidente nos US$ 30 bilh?es que os estrangeiros canalizaram para companhias brasileiras no chamado investimento estrangeiro direto em 2007, um aumento de 60% em rela??o ao ano anterior. A enxurrada de dinheiro estrangeiro ajudou a duplicar o valor do real em rela??o ao d?lar em quatro anos.
Outro grande impulso ? a alta dos pre?os das commodities nos ?ltimos anos. O Brasil ? o maior exportador mundial de frango, caf?, a?car, soja, carne e suco de laranja.
Grande parte do capital estrangeiro vem hoje de investidores que esperam que a d?vida do pa?s receba nos pr?ximos anos o grau de investimento na classifica??o de grandes firmas, como a S&P, disse Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e hoje um executivo da companhia de servi?os financeiros Rio Bravo, de S?o Paulo.
"Se as experi?ncias de R?ssia, Chile e M?xico servem de exemplo, uma melhora na classifica??o impulsionar? os pre?os das a?es, os m?ltiplos pre?o-lucro e os ganhos", afirmou Franco. "? isso que os investidores esperam."
