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Estudo avalia sustentabilidade da cadeiaprodutivado suco de laranja

02/03/2008

Tese leva em conta o consumo de toda a energia
empregada e os est?gios do ciclo de vida dos produtos

Estudo avalia sustentabilidade da cadeia produtiva de etanol e do suco de laranja

Os atuais modelos brasileiros de produ??o de suco de laranja concentrado e de etanol de cana-de-a?car n?o s?o sustent?veis. A conclus?o faz parte da tese de doutoramento de Consuelo Fernandez Pereira, apresentada ? Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. De acordo com a pesquisadora, que baseou sua an?lise em um estudo de caso, a situa??o decorre do fato de ambos os setores serem dependentes do uso de combust?veis f?sseis e causarem variados impactos ambientais ao longo das respectivas cadeias produtivas. A pesquisa, orientada pelo professor Enrique Ortega, contou com financiamento da Funda??o de Amparo ? Pesquisa do Estado de S?o Paulo (Fapesp).

Pesquisa pode ser ?til como ferramenta de planejamento

Em seu estudo, Consuelo combinou duas metodologias para averiguar a sustentabilidade dos produtos agroindustriais: An?lise Emerg?tica (AE) e Avalia??o do Ciclo de Vida (ACV). A primeira mede o consumo de toda a energia empregada direta ou indiretamente para produzir um dado bem ou servi?o. ?Nesse c?lculo, n?s consideramos desde a energia solar, que n?o tem um custo financeiro, at? o trabalho humano empregado ao longo da cadeia produtiva.?, explica a engenheira de alimentos. A segunda avalia todos os est?gios do ciclo de vida de um produto, desde a aquisi??o da mat?ria-prima at? a disposi??o final dos res?duos. Em outras palavras, a metodologia acompanha a trajet?ria do produto desde o ber?o at? o t?mulo. ?Ao utilizarmos a AE e a ACV conjuntamente, n?s podemos obter um diagn?stico mais preciso do desempenho ambiental de produtos e processos?, acrescenta a autora da tese.

Consuelo diz ter escolhido os dois produtos para an?lise em raz?o do que representam para a economia brasileira em geral e para a paulista, em particular. Na safra 2005/2006, o pa?s produziu 14,4 milh?es de toneladas de suco de laranja concentrado e congelado, o equivalente a 30% da produ??o mundial. Do total, 80% seguiram para o exterior. Quanto ao etanol, o Brasil produziu algo como 15 bilh?es de litros de ?lcool na safra 2004/2005, sendo que 94% foram destinados ao mercado interno. S?o Paulo respondeu sozinho por 66% dessa produ??o. No caso do suco de laranja concentrado, Consuelo investigou a cadeia tanto do produto convencional quanto do org?nico. ?Ao longo do trabalho, eu visitei pomares e ind?strias e entrevistei diversos t?cnicos. Isso me deu uma vis?o bastante ampla de todo o sistema produtivo?, afirma a pesquisadora.

Ainda em rela??o ao suco de laranja, entre os itens considerados na pesquisa de Consuelo estiveram o sistema agr?cola, o transporte da laranja at? a ind?stria, a transforma??o da fruta em suco, o transporte at? a Europa e o transporte dentro dos pa?ses europeus. A conclus?o da autora da tese ? que tanto o produto convencional quanto o org?nico n?o s?o sustent?veis, principalmente porque dependem fortemente do uso de combust?veis f?sseis. ?Isso ocorre em todas as etapas da cadeia, inclusive na fase agr?cola, quando s?o utilizados fertilizantes ou sistemas de irriga??o?, assinala.

Embora o suco de laranja org?nico tenha mostrando um melhor desempenho, este tamb?m ficou aqu?m do desejado no que toca ? sustentabilidade, conforme a pesquisadora. ?De modo geral, podemos dizer que apenas 25% da energia empregada na produ??o do suco de laranja convencional s?o renov?veis. No caso do suco org?nico, isso sobe para 30%. S?o ?ndices muito baixos?, afirma. Outro dado computado na tese refere-se ? perda de solo proporcionada pela atividade. Conforme os c?lculos de Consuelo, para cada litro de suco de laranja produzido, perdem-se 600 gramas de solo. Al?m disso, 90 litros de ?gua s?o consumidos para se produzir o mesmo litro de suco.

Etanol ? Para analisar a performance do etanol, Consuelo considerou um n?vel de mecaniza??o da colheita da ordem de 15%, que ? a m?dia registrada em S?o Paulo. Embora o produto tenha um desempenho superior aos dos demais biocombust?veis, aponta a pesquisadora, seu ?ndice de renovabilidade ? baixo, ficando na casa dos 35%. ?Apesar do uso do baga?o como fonte energ?tica ajudar a minimizar esse impacto, o setor ainda emprega combust?vel f?ssil ao longo da sua cadeia. Em S?o Paulo, por exemplo, o ?lcool ? transportado das usinas para as bases de distribui??o e destas para os postos de combust?veis por meio de caminh?es. De acordo com as dist?ncias percorridas, o impacto ambiental ? maior ou menor?.

Outro aspecto relevante levantado pela tese est? relacionado ?s emiss?es de di?xido de carbono (CO2). Ao contr?rio do que defendem alguns autores, Consuelo n?o considera que o etanol seja um mitigador do CO2. ?A planta, de fato, absorve boa parte desse g?s no ciclo seguinte. Acontece, por?m, que a cada ciclo ocorrem emiss?es devido ao uso de combust?vel f?ssil: seja na etapa agr?cola, seja na etapa de produ??o de etanol, visto que s?o utilizados insumos industriais que geram CO2 durante sua produ??o?. Mais um aspecto que dep?e contra o ?lcool em rela??o ? sustentabilidade ambiental, lembra a engenheira de alimentos, ? o esgotamento do solo.

A cana, de acordo com ela, acelera a exaust?o do solo, o que exige a aplica??o de quantidades cada vez maiores de fertilizantes ou a mudan?a de ?rea de plantio. ?N?o ? por outra raz?o que muitos pesquisadores e ambientalistas est?o preocupados com a contribui??o desta cultura para o desmatamento da Amaz?nia, uma vez que ela ?empurra? outras atividades agr?colas para regi?es mais distantes?, destaca Consuelo. Questionada se ? poss?vel melhorar os modelos de produ??o do suco de laranja e do etanol para que se tornem mais sustent?veis, a pesquisadora avalia que ainda h? espa?o para aperfei?oar os dois sistemas. No caso dos dois setores, ela considera a etapa industrial bastante eficiente. ?Entretanto, essas atividades ainda oferecem espa?o para o uso de energias renov?veis e op?es ecol?gicas mais avan?adas. Quanto ? fase agr?cola, pode-se melhorar o manejo do solo de forma a diminuir a necessidade de irriga??o e de uso de fertilizantes?, sugere.

No que toca ao etanol especificamente, Consuelo defende a cria??o de ?reas de conserva??o de vegeta??o para compensar as emiss?es do sistema produtivo. Seria interessante, ainda, a ado??o de novos modelos de produ??o e distribui??o do ?lcool, de forma a contemplar a constru??o de usinas menores para o atendimento de ?reas igualmente reduzidas. ?Dessa forma, o impacto causado pelas emiss?es durante a produ??o e o transporte do produto poderia ser minimizado?, pondera. De acordo com Consuelo, a avalia??o da sustentabilidade a partir da combina??o da AE e a ACV pode se constituir em importante ferramenta para o planejamento de modelos produtivos mais sustent?veis, bem como para a elabora??o de pol?ticas p?blicas e at? mesmo para a ado??o de sistemas de certifica??o, exig?ncia cada vez maior por parte dos pa?ses importadores de produtos brasileiros.

MANUEL ALVES FILHO

Fonte:Jornal da UNICAMP


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