15/04/2008

Patrick Barta, The Wall Street Journal, de Bancoc, Tail?ndia
14/04/2008 00:00

Para todos os economistas e consumidores que esperam que a alta dos alimentos seja tempor?ria, aqui vai uma raz?o pela qual provavelmente n?o ser?: os custos da agricultura est?o aumentando, tornando a perman?ncia dos pre?os altos essencial para que os agricultores continuem a expandir a produ??o.

A infla??o atinge agricultores em todo o mundo. Na Nova Zel?ndia, os sal?rios agr?colas subiram em at? 20% este ano e o pre?o m?dio de uma vaca leiteira aumentou para mais de US$ 1.900 - ante uma m?dia de US$ 1.000 no ano passado.

No Brasil, na Tail?ndia e na Indon?sia, agricultores est?o reclamando de aumentos dos fertilizantes e do combust?vel. Nas regi?es agr?colas dos Estados Unidos, n?o s? a terra ficou mais cara como tamb?m os gastos com eletricidade e qu?micos subiram. A tonelada do fosfato de diam?nio, um fertilizante comum, agora custa cerca de US$ 1.200 nos EUA, ante US$ 450 h? um ano.

O custo agr?cola est? aumentando por diversas raz?es. O aumento do combust?vel encarece o uso de tratores e outros equipamentos e o aumento do g?s natural - que ? necess?rio para o preparo de alguns fertilizantes - tamb?m tem desempenhado seu papel. Equipamentos subem por causa da forte demanda por maquin?rios agr?colas na China e em outros pa?ses em desenvolvimento, al?m da alta de mat?rias-primas como o a?o. Os sal?rios subiram em algumas partes porque muitos agricultores est?o expandindo o plantio para saciar a alta da demanda, o que cria uma press?o na oferta de m?o-de-obra, especialmente em pa?ses como a Austr?lia, onde muitos trabalhadores j? foram absorvidos por outras ind?strias de commodities, como a minera??o.

Os problemas se intensificaram nos ?ltimos seis meses. Muitos fornecedores de insumos agr?colas e de equipamentos contiveram os aumentos em 2006 e 2007, apesar de estarem lidando com suas pr?prias altas de eletricidade e m?o-de-obra. Agora, depois de um ano ou mais de forte demanda por milho e outros produtos, esses fornecedores decidiram que os agricultores podem pagar mais e est?o repassando os custos.

O aumento de custos est? transformando a economia agr?cola. Como n?o se espera que alguns dos custos mais pesados - como o combust?vel - caiam logo, se vierem a cair algum dia, o setor agr?cola ter? que continuar a cobrar mais por sua produ??o do que h? alguns anos caso queira manter as margens de lucro.

Para o consumidor, tudo isso significa ter que continuar a enfrentar a alta de alimentos, pelo menos no futuro pr?ximo. O arroz, por exemplo, mais do que dobrou desde o in?cio de 2008, motivando alguns agricultores a estocar suas colheitas na esperan?a de novas altas, o que eleva os pre?os ainda mais. Os protestos contra a infla??o da alimenta??o t?m se alastrado pelo mundo em desenvolvimento, como foi o caso no Haiti, M?xico, Indon?sia, Egito e Paquist?o.

Nada disso significa que os pre?os da alimenta??o n?o possam cair dos n?veis atuais - de fato, muitos economistas acreditam que eles v?o declinar, ? medida que a economia do mundo desacelere e novas fazendas entrem em produ??o. Se os EUA entrarem numa crise econ?mica profunda que cause uma recess?o mundial, os pre?os de todas as commodities podem cair, e isso reduziria os custos agr?colas.

Mesmo assim, economistas dizem que a magnitude dos aumentos recentes sugere que ser? dif?cil os pre?os agr?colas voltarem aos n?veis do fim dos anos 90 e in?cio desta d?cada, quando a demanda aumentou mais lentamente do que a produ??o devido a uma crise financeira na ?sia e uma recess?o nos EUA.

60 kg) em 1986, depois de um pico superior a US$ 3 alguns anos antes.

Mas em cerca de dois anos o milho e o trigo se recuperaram. O milho se fixou acima dos US$ 2,25 por bushel durante toda a d?cada seguinte - o mesmo tipo de alta de longo prazo que muitos economistas esperam hoje.

O problema para muitos agricultores daquela ?poca era que os custos tamb?m permaneceram altos, abocanhando parte das margens de lucro e expulsando muitos do setor.

Isso ressalta o perigo que custos altos representam para os agricultores. Os custos adicionais geralmente n?o aparecem nos primeiros anos do aquecimento agr?cola, e os agricultores conseguem lucros gordos. Mas depois chegam para ficar e muitas fazendas acabam quebrando, o que aumenta a press?o sobre o pre?o das safras.

(Colaborou Wilawan Watcharasakwet)