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Acusações afetam imagem do setor

30 de novembro | 2005

Ainda se recuperando dos efeitos da descoberta de focos de aftosa no Mato Grosso do Sul, o setor de carne bovina enfrenta agora uma nova crise que deve respingar na imagem dos frigoríficos, principalmente os grandes exportadores. O “inferno astral” do setor começou com o ressurgimento da aftosa em outubro – que levou 52 países a embargar (parcial ou totalmente) a carne bovina brasileira – e tende a se prolongar com as denúncias de que José Batista Júnior, presidente do maior frigorífico do país, o Friboi, admitiu que sua empresa, além de Bertin, Independência e Mataboi, praticariam cartel na compra da gado bovino.



A denúncia vem num momento em que o setor de frigoríficos começava a ganhar credibilidade no mercado, por conta de um processo de formalização das empresas, frequentemente lembradas por sonegarem a Contribuição Para Seguridade Social, o antigo Funrural. Bancos nacionais e estrangeiros passaram a olhar com mais atenção para os frigoríficos, principalmente pelo avanço do setor em função do aumento das exportações nos últimos anos.



Mas os últimos acontecimentos são um golpe para a imagem dos frigoríficos, acreditam analistas do mercado de carne. De acordo com Alcides Torres, da Scot Consultoria, a denúncia pode afugentar investimentos no setor, tanto internos quanto externos.



Antenor Nogueira, presidente do Fórum de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou que a “cadeia desmoronou” com a denúncia e que estava “indignado” com as declarações publicadas na “Folha de S. Paulo” no domingo.



A própria CNA pediu abertura de processo na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ministério da Justiça este ano por considerar que há cartelização no setor. Mas a gravação foi “uma surpresa”, disse Nogueira. Uma outra fonte, com grande experiência neste mercado, avaliou que as denúncias “espelham uma bagunça do setor”.



Torres, da Scot, afirmou que os levantamentos dos preços do boi gordo mostram que “existe um comportamento dirigido de preços”. O objetivo seria derrubar preços em São Paulo e também em outros estados, já que o mercado paulista acaba sendo referência para as cotações. “A pecuária precisa se defender senão vai caminhar para o mesmo caminho que o suco de laranja”, disse. No início da década, as indústrias de suco foram acusadas de formar cartel, mas a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) não encontrou provas dessa prática.




(Crédito: Alda do Amaral Rocha – Valor Econômico)