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Argentinos mostram a força da UNIÃO do Campo!
26 de março | 2008
Agricultores argentinos mantêm greve contra aumento de impostos
Representantes das quatro entidades que convocaram a greve disseram que o protesto continuará enquanto o governo não reduzir as altas tributárias, e por isso se manterá “por tempo indeterminado”.
Os produtores paralisaram suas atividades em 13 de março, e nos últimos dias começaram a bloquear as principais estradas do país, provocando a falta de produtos básicos em algumas cidades.
Poucas horas antes do anúncio da continuidade da greve, o governo disse que não negociará com o setor agropecuário enquanto a greve se mantiver.
“Este protesto vai deixar os argentinos sem alimentos, indo contra a vontade de uma sociedade que quer mudar”, declarou o chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández, em declarações à Radio Mitre.
“Vamos continuar (com a greve) até que seja necessário”, afirmou Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina (FAA).
Buzzi afirmou que a greve só terá fim “caso se volte atrás com o aumento dos impostos” à exportação de produtos agropecuários.
Antes, o dirigente da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens, pediu para o governo “iniciar o diálogo” com o setor e ressaltou a conveniência de recorrer a “mediadores” como governadores das províncias ou a Igreja Católica.
Bloqueios
Nas estradas, a situação se tornou tensa desde domingo, quando o sindicato de caminhoneiros mobilizou seus membros para vários cruzamentos com o propósito de impedir os bloqueios.
Os produtores agropecuários, porém, mantêm as obstruções de trânsito nas Províncias que concentram a maior produção de grãos e outros alimentos.
Enquanto isso, nas cidades alguns alimentos começam a escassear e hoje nenhum pedaço de carne foi recebido no Mercado de Fazenda de Buenos Aires, o maior do país e no qual na semana passada foram comercializados apenas 318 animais.
A greve foi convocada em rejeição ao aumento de impostos à exportação de grãos e à política agropecuária do governo, por quatro grupos que reúnem em torno de 290 mil produtores agrários.
As medidas anunciadas há duas semanas pelo Executivo implicam em um forte aumento nos impostos às exportações de soja e girassol e uma leve baixa nos de trigo e milho, dentro de um sistema que ajustará a pressão fiscal com base na variação dos preços internacionais dos grãos.
Novo sistema
O novo sistema tributário é “um confisco” adicional de cerca de US$ 2,5 bilhões anuais, segundo as associações agropecuárias.
Os representantes do setor afirmam que suportam uma “forte distorção” dos custos de produção e que a nova política fiscal deverá supor o pagamento de impostos de cerca de US$ 10,5 bilhões anuais sem que haja maiores lucros pelos subsídios que o Executivo concede.
Com as sucessivas altas dos impostos à exportação de matérias-primas, entre elas os produtos agrícolas, o Fisco argentino “arrecadou nos últimos cinco meses” o equivalente a US$ 6 bilhões, segundo um relatório da empresa de consultoria Ecolatina.
Este aumento da arrecadação tributária equivale a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e permite elevar o superávit do Tesouro antes do pagamento de dívidas a 4 pontos percentuais do PIB, aponta o estudo.
Segundo a Ecolatina, o gasto público “moderou levemente sua expansão” no primeiro bimestre do ano, confirmando-se assim que “a estratégia para reforçar as contas fiscais consiste em elevar a pressão tributária captando a renda adicional gerada pelo boom dos preços internacionais das matérias-primas”.
Em virtude da greve, “já acontece o desabastecimento de carne, laticínios e pão em muitos lugares do país”, disse a presidente da Liga de Donas de Casa, Consumidores e Usuários, Irma Muslera, destacando que as denúncias recebidas pela entidade “provêm sobretudo dos setores mais necessitados”.
Fonte: Efe, em Buenos Aires