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Editorial

As derrotas dos citricultores.

10 de agosto | 2013

Em sua edição de 13/7/2013 a Gazeta de Bebedouro listou as derrotas que o setor sofreu em 2013:

Janeiro Rejeitada a inclusão da laranja na Política de Preços Mínimos (PGPM).
Fevereiro Inclusão do suco na merenda escolar não sai do papel.
Março Governo rejeita a prorrogação das dívidas de custeio.
Abril O governo não avança na criação de linha especial de crédito para erradicação de pomares para renovação ou migração para outras culturas
Maio Novos leilões de PEP e PEPRO são rejeitados.
4 de Julho Postergada a medida para aumento do teor de suco nos néctares.
11 de Julho Negada a desoneração do suco 100%.

Essas derrotas refletem sobretudo o descaso com que a citricultura, em particular os pequenos e médios citricultores, têm sido vistos pelo governo.

Apesar de todas as evidências de abuso do poder de mercado pelas esmagadoras e de denúncias de cartelização do setor, amplos setores do governo, convenientemente, preferem aceitar os argumentos das indústrias de que se trata de um “problema de mercado” e da “incompetência dos produtores”.

A omissão dos governos, tanto federal como estadual, vem propiciando uma brutal transferência de renda para as processadoras, e, como não cansamos de repetir, vem aumentando as distorções no setor através da concentração e verticalização da produção, aumentando seu poder de mercado.

O poder econômico decorrente dessas distorções converte-se em poder político, através de generosas contribuições para as campanhas eleitorais em todos os níveis, desde o vereador do município mais remoto até os mais altos cargos da República.

Todos nós sabemos que no Brasil o poder econômico abre as portas e os “corações” das pessoas e “reforça” os argumentos dos mais ricos; isto talvez explique as derrotas que vimos sofrendo, não apenas neste ano, mas nos últimos 20 anos, em todas as instituições.

O poder econômico das indústrias de suco poderia ser contrabalançado pela maior organização dos citricultores. Os recentes acontecimentos e a demonstração do poder da mobilização das pessoas dá esperança de que possamos começar a reverter esse processo através do fortalecimento das associações, da maior união e mobilização dos produtores, da rejeição de políticos que sejam ou tenham sido financiados pelas indústrias.

Precisamos acompanhar com renovada atenção os processos do setor no CADE, pois sem o restabelecimento da concorrência no setor, da reversão da verticalização e de um Consecitrus que reduza o poder de mercado das indústrias e assegure uma remuneração compatível com os custos e riscos para os citricultores, o processo de transferência de renda e de poder para as esmagadoras não se vai interromper.

Para os que não vejam perspectivas de futuro na citricultura, uma condenação do cartel pelo CADE abrirá a perspectiva de buscar na justiça a indenização pelos prejuízos que a nós foram impostos.