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Associtrus dá início à elaboração do Consecitrus
07 de fevereiro | 2006
Grupo técnico vai apontar pontos básicos do contrato. Produtores precisam dar sugestões e são convidados a participar mais ativamente das reuniões.
Para ouvir sugestões e saber como atua o Consecana (Conselho dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo), a Associtrus reuniu citricultores, agrônomos e consultores, ontem (6), no auditório da Credicitrus (Cooperativa de Crédito Rural Coopercitrus), em Bebedouro. O gerente da Cutrale, em Bebedouro, Walter Alves, esteve presente à reunião.
O agrônomo e consultor da Canaoeste, Oswaldo Alonso, apresentou o modelo do contrato utilizado pelo setor canavieiro e fez propostas para a elaboração do Consecitrus. “Alguns tópicos comuns nas duas cadeias produtivas”, diz.
O método Consecana busca auferir o faturamento obtido pela unidade industrial por tonelada de cana e, através da participação do custo de produção de cana no custo total (industrial + cana), determina uma parcela do faturamento total destinado a pagamento ao fornecedor.
O método quantifica o açúcar total recuperável (ATR) na cana e o preço de faturamento por kg de ATR, aplicando a seguir o fator de participação do fornecedor, de que resulta o preço bruto por tonelada de cana. “O Consecitrus, certamente, melhorará tecnologicamente o setor citrícola, a exemplo do que ocorreu com o canavieiro. A melhora tecnológica no campo e na indústria traz benefícios para toda a cadeia produtiva e, principalmente, para o consumidor”, assegura Oswaldo Alonso.
Espelhando-se no exemplo dos citricultores da Flórida (que são superoganizados e têm forte representatividade política) e dos produtores de cana de São Paulo, entre outros, a Associtrus pretende ir além de um simples contrato. “Iremos sugerir a criação de uma entidade que englobará todos os elos da cadeia produtiva e atuará no sentido de fortalecer essa cadeia, garantindo renda e sua distribuição mais justa entre seus elos”, diz o presidente da Associtrus, Flávio Viegas.
O momento favorável para o setor produtivo – queda da safra norte-americana, aumento do preço do suco e de demanda, avanço da cana-de-açúcar – não pode passar em branco. “Estamos vivendo nosso melhor momento histórico que pode resultar em mudança significativa no relacionamento e na assimetria que existe entre citricultores e indústrias. A proposta é termos, não só um contrato, mas um relacionamento mais justo e igualitário entre o produtor e a indústria. O produtor precisa se organizar e apoiar a Associtrus para poder se beneficiar da atual situação mercadológica e recuperar sua renda”, diz Viegas.
Dispostos a se organizar, o próximo passo dos produtores será a formação de um grupo de estudos para a elaboração do Consecitrus. “Convidamos os produtores para participar mais ativamente das reuniões e pedimos a eles que nos enviem sugestões para a elaboração do contrato. Também estamos organizando um grupo técnico que ficará responsável pelo levantamento dos pontos básicos do contrato para que, depois, possamos apresentar nossas propostas à Cutrale”, observa Viegas.
O Consecitrus não deve ser efetivado a curto prazo, mas os produtores têm de ficar atentos às renegociações de contrato. “O Consecitrus é um projeto grande e que ainda dependerá de muitas discussões até ser efetivado, mas o produtor não pode deixar de aproveitar o atual momento para renegociar seus contratos. A posição da Associtrus é que os contratos elaborados em um ambiente de livre mercado devem ser respeitados, porem os contratos atuais não respeitaram este principio e a industria já criou precedente em passado recente.
O citricultor está fortalecido pela Associtrus e pelas últimas circunstâncias do mercado, por isso, deve procurar a indústria para rediscutir seus contratos. Iremos dar o suporte necessário ao produtor”, afirma Viegas.
Proposta – Na reunião do dia 7 de março, às 10h, no Ofício do Ministério Público do Trabalho de Araraquara, o presidente da Associtrus pretende apresentar algumas propostas ao diretor financeiro da Cutrale, José Cervatto. “O Consecitrus será resultado de uma proposta muito maior, que incluirá, tanto para o suco de laranja como para a fruta in-natura, um sistema de informações sobre safras, produção, mercado, preços, estoques etc., ações no sentido de ampliar o mercado interno e externo; aumentar a competitividade do setor através do aumento da produção; redução de custos; proteção fitossanitária; agregação de valor aos produtos e subprodutos; e criação de sistema de comunicação com a sociedade e as instituições para demonstrar a importância da contribuição da nossa cadeia produtiva para a saúde das pessoas”, diz Viegas.
Contrato – Pontos como custo de produção (na árvore) + participação; prazo de colheita por variedade e ratio; ágio por rendimento, ratio, distância, colheita; incentivo à produtividade; redução dos custos; cooperativas de gestão e prestação de serviços; seguros, financiamentos, juros; contenção da expansão de pomares da indústria; e medidas para evitar o desequilíbrio entre oferta e demanda deverão constar das primeiras discussões do grupo técnico do Consecitrus. “Há muitos outros aspectos que precisamos levantar e discutir, por isso, a participação do produtor é imprescindível neste momento”, finaliza Viegas.