O evento teve como objetivo apresentar o diagnóstico das dificuldades enfrentadas pelo antes pujante setor citrícola, hoje economicamente ameaçado dada a política de preços imposta pelo concentrado setor industrial.

Entre os presentes estavam:

– Senador Eduardo Suplicy;
– Senador e representante da Comissão Agrícola do Senado, Aelton de Freitas;
– Deputado Federal Antonio Carlos Mendes Thame
– Deputado Federal Jamil Murad;
– Caio Carneiro Campos (representante do Ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo);
– Marcos Antônio Machado (representante do Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira)
– Além de representantes dos deputados federais Francisco Graziano e Nelson Marquezelli.

Chamou atenção das autoridades presentes a diferença entre os preços de exportação do suco e o valor pago pelo consumidor final. Nos gráficos a menor diferença apresentada, nos últimos dez anos, foi da ordem de 300% atingindo e alguns períodos a faixa dos 800%.

Outro ponto foi a constatação da “pífia” participação do suco concentrado – a matéria prima – na composição deste preço ao consumidor final que não ultrapassa a casa dos 11,5% ficando o montante de 88,5% para cobrir outros custos como a adição de água, embalagem, transporte, margens diversas, etc. Desta forma, se a participação do suco representasse 20% (8,5% a mais) deste preço, o citricultor poderia ser remunerado em U$ 5,00 por caixa, valor próximo dos custos de produção apresentados durante o evento.

Finalmente as autoridades demonstraram apreensão diante domínio que as indústrias brasileiras detêm do mercado internacional de suco (85%) e da concentração do setor em apenas quatro principais grupos – Cutrale, Citrosuco, Dreyfus e Citrovita – uma vez que, embora positivo por uma questão de estratégia comercial internacional, essa assimetria de forças tem representado grandes perdas aos pequenos e médios citricultores.

Diante destas informações, Já o deputado Mendes Thame informou que a Comissão de Agricultura da Câmara deve ouvir em breve os representantes da Cutrale, da Citrosuco e da Cargill sobre a compra dos ativos desta última. Na audiência será questionada a concentração gerada no setor de processamento de laranja para produção de suco.

Thame acredita que o Governo pode agir com mais rigor como agente regulador e apoiar uma política de marketing para estruturação do mercado interno.
Já o senador Eduardo Suplicy propôs que o Senado e a Câmara dos Deputados realizem audiências públicas conjuntas para avaliar a concentração da produção e exportação de suco de laranja no País.

Suplicy sugeriu que nessa audiência estejam presentes citricultores, representantes das indústrias, do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da SDE (Secretaria de Direitos Econômicos).

O presidente da Associtrus e da Câmara Setorial da Citricultura, Flávio Viegas, acredita que esse é o momento dos citricultores resistirem a pressão da industria para não assinarem contratos a preços inferiores ao custo de produção. “A organização é fundamental para que os citricultores se fortaleçam”, diz o presidente.