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Avanço da cana faz reduzir áreas de citricultura em SP.
16 de abril | 2007
Um dos pilares do agronegócio paulista até os anos de 1990, a citricultura, como a pecuária, também não está resistindo ao “assédio” da cana. A baixa remuneração, atribuída à cartelização do setor a partir daquele período, leva o produtor de laranja a aderir, mediante arrendamento de terras, ao setor sucroalcooleiro, que avança sobre pomares.
O presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flávio Viegas, estima que cerca de 20 mil “laranjeiros” foram “expulsos” da atividade nos últimos 16 anos. “Éramos 30 mil, hoje somos apenas 7 mil.”
O Estado de São Paulo tem pelo menos 130 municípios com economia baseada na laranja. Segundo Viegas, o produtor recebe hoje, em média, US$ 3 por caixa, enquanto o custo de produção é superior a US$ 7,5.
Bebedouro, sede da Associtrus, já foi o maior dos 300 municípios citrícolas do Brasil. Nele estão instaladas duas das quatro grandes indústrias de processamento de laranja. No entanto, a cana já ocupa 60% da área originalmente destinada aos citros, o que causa apreensão entre as autoridade locais.
De acordo com Viegas, a expansão da fabricação de álcool e açúcar coloca em risco a permanência de empresas de outros segmentos. “A conseqüência imediata será o enfraquecimento econômico da região, porque a cana não dinamiza a pequena e a média indústria, o comércio, os serviços com a mesma eficiência que a laranja.”
O citricultor não está resistindo ao fascínio exercido pela cana por razões que dispensam discussão, conforme Viegas. “Se ele for dono da terra, tem de prepará-la e esperar pelo menos quatro anos para começar a colher. Com a cana, basta receber o dinheiro da usina ao final de cada mês, sem esforço”, resume.
“O norte e o noroeste do Estado, que foram a base da citricultura, hoje assistem a uma drenagem de suas economias por meio de políticas empresariais que favorecem apenas o consumidor externo”, reclama Viegas.
Números da atividade
* Produtividade do pomar
A vida útil de um pomar de laranjas é de até 15 anos. A partir deste período, a rentabilidade do produtor começa a sofrer um declínio. O retorno sobre o investimento total (terra e plantação) geralmente fica em torno de 7%
* Remuneração final
Uma tonelada de suco de laranja pode render até US$ 8 mil no mercado externo. Mas a renda hoje não passa de US$ 3 mil devido a política de preços baixos sustentada pelas indústrias de processamento
* Custo por planta
Citricultor desembolsa até R$ 40 por planta até o 4º ano do cultivo. A recuperação se dá a partir do 9º ano
* Maiores consumidores
O maior mercado do suco de laranja brasileiro é o europeu (70%). Em seguida vêm a América do Norte (15%) e outros países que apreciam o produto exportado pelo Brasil
* Controle de mercado
O Brasil controla 80% do mercado mundial de suco de laranja, com grandes indústrias operando nos EUA.
Associação Brasileira de Citricultores