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Baixa cotação do dólar interfere na citricultura.
25 de maio | 2007
Consultor e líderes de classe analisam o comportamento do mercado.
A baixa cotação do dólar preocupa o presidente da Associtrus, Flávio Viegas, de Bebedouro. Nos contratos indexados à moeda norte-americana, a desvalorização frente ao real acarreta em menor remuneração. Segundo cálculos da entidade, 90% dos produtores estão nessa situação. Eles fizeram a opção no auge da inflação alta no país, quando o dólar tinha remuneração atrativa. Viegas analisa que uma das saídas é renegociar os futuros contratos. Alguns citricultores já assinam propostas com os valores em real.
Outra questão é em relação aos preços dos insumos agrícolas. Cotados em dólar, deveriam ter seus preços reduzidos. O agrônomo da Casa de Agricultura, Marco Aurélio Gonzáles, observa que a desvalorização ainda é pequena – o adubo está com valor muito alto. Ele lamenta que a baixa cotação do dólar não afeta o preço do óleo diesel, usado em máquinas agrícolas.
O melhor caminho é a troca de indexador nos futuros contratos, recomenda Alcides Torres, da Scot Consultoria, de Bebedouro. “O dólar não é mais recomendável”, diz. Ele propõe o IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado) ou o IGPDI (Índice Geral de Preços de Disponibilidade Interna), da Fundação Getúlio Vargas.
Flávio Viegas concorda com a recomendação, mas receia que as indústrias não aceitem esses indexadores. A Associtrus luta há anos pela renegociação dos contratos. O dirigente acredita que o caminho é o citricultor romper o contrato unilateralmente, amparado pela Justiça. Ele cita um caso em que o Judiciário autorizou o produtor de laranja ‘quebrar’ o contrato e vender sua produção para a indústria que melhor o remunerou.
Indústrias –Alcides Torres analisa que as empresas processadoras de suco de laranja, por enquanto, não serão afetadas pela baixa cotação do dólar por causa do aumento da demanda.
Na opinião do consultor, outro fator tranqüilizador para as indústrias brasileiras é que 81% do suco de laranja consumido no mundo estão nas mãos de quatro empresas: Cutrale, Citrosuco, Citrovita e LD Commodities, responsáveis por 90% da produção, com lucros somente em 2006 de US$ 2 bilhões com a exportação para 70 países.
A cotação do dólar também não assusta as indústrias brasileiras, pois os citricultores da Flórida amargam redução de 20% na produção, devido a furacões, geadas, pragas naturais e também o interesse de empresários do setor imobiliário por terras de fazendas de laranja para transformá-las em condomínios de luxo.
Na visão do diretor de Citrus da LD Commodities, Henrique Freitas, as conseqüências da baixa remuneração do dólar atingem as exportações de suco. “O primeiro ponto a destacar é o momento difícil que o exportador de suco de laranja brasileiro está vivendo pelo real muito apreciado e, em conseqüência, a queda de receita”, diz o executivo, que não acredita que o consumo do mercado interno venha compensar a queda nos lucros.
Henrique também observa que o agronegócio vem enfrentando período difícil, justamente devido ao câmbio, por isso recomenda “redução de custos e no ganho de produtividade, pois o nome do jogo é eficiência”, conclui.
Produção de Laranja
Brasil – 58%
EUA – 31%
Itália – 2%
México – 2%
Espanha – 2%
Outros – 5%
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Fonte: Gazeta de Bebedouro