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Brasil caminha para citros transgênicos.
22 de fevereiro | 2008
Maior produtor mundial de laranja e de suco, o Brasil fará também os primeiros testes de plantio no campo de plantas cítricas transgênicas resistentes às doenças, o principal gargalo produtivo do setor. A Alellyx Applied Genomics, empresa de pesquisa da Votorantim Novos Negócios, aguarda apenas parecer da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para iniciar o plantio de variedades cítricas geneticamente modificadas resistentes ao vírus da leprose e a bactérias, como as causadoras da clorose variegada dos citros (CVC) e do cancro cítrico.
Os dois processos para a chamada liberação planejada no meio ambiente estão na pauta da CTNBio e devem ser avaliados na última reunião da comissão deste ano, prevista para ocorrer entre 12 e 13 de dezembro. De acordo com a assessoria de comunicação da CTNBio, o processo relativo à leprose está em fase de diligência e o da resistência às bactérias ainda não foi relatado, mas é provável que eles sejam incluídos na pauta da reunião de março. “Acho que não haverá problemas para aprovar os testes, já que todos os questionamentos foram respondidos. A partir do plantio em campo, começa a reta final até a liberação comercial, mas não dá para prever quando ela vai ocorrer”, disse à Agência Estado Fernando Reinach, diretor-executivo da Votorantim Novos Negócios e ex-presidente da CTNBio.
De acordo com Reinach, nos testes realizados em laboratórios e em estufas, os pesquisadores da Alellyx conseguiram variedades resistentes às bactérias causadoras de doenças cítricas a partir de proteínas que deram imunidade às plantas. Já no caso da leprose, a empresa de pesquisa primeiramente seqüenciou o genoma do vírus, encerrado no início de 2005, e desenvolveu uma técnica de transgenia semelhante a uma vacina. Nela, a planta desenvolve a resistência à doença atacando inicialmente a seqüência transgênica e, posteriormente, dispara o ataque natural contra o próprio vírus.
Quando aprovados, os testes de campo serão feitos na Fazenda Ventura II, do Grupo Votorantim, localizada em Bauru (SP), que já possui autorização da CTNBio para o cultivo em campo das variedades transgênicas. Reinach afirmou ainda que a Alellyx já conseguiu cultivar plantas geneticamente modificadas de laranja resistentes ao greening, principal praga da citricultura, e revelou que, em breve, será protocolado o pedido na CTNBio para o plantio delas em campo. Se o executivo demonstra otimismo em relação aos resultados científicos das variedades transgênicas de laranja, ele admite que irá enfrentar dificuldades para conseguir conquistar os consumidores da fruta. “Mesmo que o Brasil aprove a fruta, ainda não dá para saber como será a reação do consumidor e dos clientes do suco de laranja brasileiro”, disse Reinach. Das cerca de 1,4 milhão de toneladas produzidas de suco de laranja concentrado e congelado no País, 98% são exportadas.
Fonte: Folha de Londrina