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Cade aprova venda da Cargill
16 de setembro | 2005
Apesar de reconhecerem que a operação acirrou a concentração no mercado de suco de laranja, conselheiros aceitaram pareceres da SDE e da SEAE
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou quarta-feira (14/9), por unanimidade, o ato de concentração que resultou na aquisição de ativos da Cargill Citros pelas empresas Citrosuco Paulista e Sucocítrico Cutrale. Apesar de reconhecerem que a operação acirrou a concentração no mercado de suco de laranja, os conselheiros aceitaram os pareceres da secretarias de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça e de Acompanhamento Econômico (SEAE), do Ministério da Fazenda, ignorando o apelo da Associtrus que, através de ofício, pediu o adiamento do julgamento já que os respectivos pareceres continham omissões e informações incorretas.
Na negociação, a Citrosuco assumiu a fábrica de Bebedouro, as fazendas de Rio Cortado (SP) e São Vicente (MG) e um armazém em Limeira. A Cutrale ficou com a fábrica de Uchoa (SP), as fazendas Portal e Vale Verde (ambas em Minas) e com o direito de explorar as instalações da Cargill no terminal portuário de Santos.
Associtrus – “Foi sem surpresa, mas com profunda tristeza e decepção que recebemos a decisão do CADE que, mostrando insensibilidade e acatando relatórios com omissões e informações incorretas, publicou decisão que, lamentavelmente, mais uma vez prejudicará os já espoliados citricultores.
Matérias publicadas pela imprensa demonstram que o “greening” está se disseminando, o que poderá inviabilizar a citricultura brasileira, e os citricultores não tem condições financeiras para combatê-lo adequadamente, devido aos baixos preços e os abusos praticados pela indústria.
O CADE será mais uma vez responsabilizado por ter tomado uma decisão que terá sérias conseqüências para a citricultura brasileira e pelo impacto econômico e social que esta decisão terá sobre os municípios citrícolas e sobretudo sobre os citricultores e trabalhadores rurais.
Desde o Compromisso de Cessação 17 mil citricultores foram expulsos da atividade e prevemos que nos próximos anos mais cinco ou seis mil citricultores serão expulsos aumentando a concentração de renda e aumentando o desemprego.
Nos EUA os citricultores são apoiados e protegidos, enquanto que aqui somos abandonados à nossa sorte nas mãos de uma indústria que tem transferido a renda do setor para o exterior ao exportar o suco de laranja, a preços que não cobrem os custos de produção, como ficou evidenciado nas investigações de “dumping”, o que gerou mais uma vez, a condenação e aplicação de taxas que penalizam as nossas exportações”, comentou o presidente da Associtrus, Flávio Viegas, após a divulgação do resultado do julgamento.